Não é costume que
a fotografia do Secretário-Geral das Nações Unidas apareça nas primeiras
páginas dos jornais, mas a edição de hoje do Tehran Times destaca
António Guterres, criticando-o por estar alinhado com as posições dos Estados
Unidos e da Arábia Saudita no que respeita às sanções decretadas contra o
regime de Teerão. As consequências económicas dessas sanções adoptadas em 2006
pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para travar o programa nuclear
iraniano e em especial o programa de enriquecimento de urânio, foram muito
duras para o regime. Segundo refere o jornal, a Resolução nº 2231 (2015) do
Conselho de Segurança das Nações Unidas de 20 de Julho de 2015, determinou o
levantamento das sanções económicas e financeiras impostas ao Irão, na sequência
das verificações feitas pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA)
relativas ao programa nuclear iraniano.
Porém, as Nações
Unidas ficaram com a obrigação de monitorizar o programa nuclear iraniano,
sendo essa avaliação objecto de um relatório preparado pelo Secretário-Geral
das Nações Unidas e é esse relatório que as autoridades iranianas contestam e
consideram defeituoso, pois na sua opinião dão cobertura às posições americanas
e sauditas que pretendem impedir o levantamento das sanções contra o Irão e, em
especial, manter as restrições à compra de armamento.
O assunto é
antigo e complexo e daí que as Nações Unidas e o seu Secretário-Geral estejam
“entre dois fogos”, em que cada um actua segundo os seus interesses e em que as
Resoluções do Conselho de Segurança apenas são importantes quando servem os
interesses e as estratégias de um ou outro lado.
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