quinta-feira, 28 de março de 2019

O regresso triste e inoportuno do Aníbal

Instalou-se no espaço mediático nacional, no contexto da luta política e eleitoral em que já estamos envolvidos, um enorme ruído de fundo sobre os familiares dos políticos que ocupam lugares no governo ou próximo dele, parecendo que a questão é nova e que foi inventada agora. Não é verdade! A generalidade da classe política portuguesa sempre foi uma casta que se soube proteger e que sempre foi mais interessada em servir os seus interesses pessoais ou de grupo, do que em servir o interesse público, a comunidade ou o bem comum. Daí que, muitos jovens aprendam, desde muito cedo, que a melhor maneira de subir na vida é alistarem-se nesse trampolim que são as jotas, porque já sabem que é a militância partidária que dá poder, emprego, mordomias, negócios e influência, mesmo sem que haja qualidade ou qualificação, embora alguns ainda arranjem uns canudos à pressa e subam na vida como verdadeiros relvas. São eles que se instalam, que dominam os aparelhos e que mandam nisto tudo, por vezes como serventuários de outros interesses.
É através dessa forma de ver a política que se arranjam lugares para maridos, mulheres, filhos e filhas, genros e noras, enteados, sogros, primos e primas, amigos e amigos dos amigos e por aí adiante. No caso de algumas autarquias são famílias inteiras e, em certas empresas públicas, era quase a mesma coisa. Nunca faltaram lugares para governantes, deputados, assessores, autarcas e gestores, nem outros lugares para troca de favores. Sempre houve cardonas e estrelas. Sempre foi assim! Por isso, não há que admirar por aquilo a que assistimos actualmente e até é ridículo que haja quem faça o  papel de virgem ofendida e que se deixe engodar por esta questão, que faz parte da tradição cultural portuguesa de procurar colocar os amigos onde mais convém.
Porém, a minha surpresa foi o aparecimento do Aníbal, que devia estar calado em Boliqueime ou na Quinta da Coelha, para não nos recordar o seu triste legado político de mesquinhez e incultura, ao vir atirar um pouco de gasolina para uma fogueira que não passa de um episódio de campanha eleitoral ou de imprensa cor-de-rosa. Ou será que está com ciúmes de MRS que, cada vez mais, o está a apagar da História?