Instalou-se
no espaço mediático nacional, no contexto da luta política e eleitoral em que
já estamos envolvidos, um enorme ruído de fundo sobre os familiares dos
políticos que ocupam lugares no governo ou próximo dele, parecendo que a
questão é nova e que foi inventada agora. Não é verdade! A generalidade da classe
política portuguesa sempre foi uma casta que se soube proteger e que sempre foi
mais interessada em servir os seus interesses pessoais ou de grupo, do que em servir
o interesse público, a comunidade ou o bem comum. Daí que, muitos jovens
aprendam, desde muito cedo, que a melhor maneira de subir na vida é
alistarem-se nesse trampolim que são as jotas,
porque já sabem que é a militância partidária que dá poder, emprego, mordomias,
negócios e influência, mesmo sem que haja qualidade ou qualificação, embora alguns
ainda arranjem uns canudos à pressa e
subam na vida como verdadeiros relvas.
São eles que se instalam, que dominam os aparelhos e que mandam nisto tudo, por
vezes como serventuários de outros interesses.
É
através dessa forma de ver a política que se arranjam lugares para maridos,
mulheres, filhos e filhas, genros e noras, enteados, sogros, primos e primas, amigos e amigos
dos amigos e por aí adiante. No caso de algumas autarquias são famílias
inteiras e, em certas empresas públicas, era quase a mesma coisa. Nunca faltaram
lugares para governantes, deputados, assessores, autarcas e gestores, nem outros lugares
para troca de favores. Sempre houve cardonas e estrelas. Sempre foi assim! Por
isso, não há que admirar por aquilo a que assistimos actualmente e até é ridículo
que haja quem faça o papel de virgem
ofendida e que se deixe engodar por esta questão, que faz parte da tradição
cultural portuguesa de procurar colocar os amigos onde mais convém.
Porém,
a minha surpresa foi o aparecimento do Aníbal, que devia estar calado em
Boliqueime ou na Quinta da Coelha, para não nos recordar o seu triste legado político
de mesquinhez e incultura, ao vir atirar um pouco de gasolina para uma fogueira
que não passa de um episódio de campanha eleitoral ou de imprensa cor-de-rosa.
Ou será que está com ciúmes de MRS que, cada vez mais, o está a apagar da História?