Se havia dúvidas
quanto às preocupações americanas em relação à ascensão do poderio económico e
militar chinês, o anúncio ontem feito em simultâneo por Joe Biden, Boris
Johnson e pelo primeiro-ministro australiano Scott Morrison, veio desfazê-las.
Os Estados
Unidos, o Reino Unido e a Austrália anunciaram ter assinado uma aliança
estratégica ou um pacto de segurança válido na região do Indo-Pacífico, para
deter as ambições expansionistas chinesas. Daí ter nascido a AUKUS (uma sigla
que junta a Austrália, o Reino Unido e os Estados Unidos) com o objectivo de aprofundar
as questões da diplomacia, da segurança e da cooperação na defesa daquela região
e para enfrentar os desafios do século XXI.
Segundo o que foi anunciado, esta
aliança vai permitir que a Austrália se equipe com submarinos de propulsão
nuclear, o que significa que vai abandonar o programa francês de aquisição ou
modernização de submarinos convencionais que substituiria os seus antiquados submarinos da
classe Collins, que já têm duas décadas de vida. Esse contrato tinha sido
assinado em 2016 entre o governo australiano e a empresa francesa Naval Group,
uma das principais empresas de construção naval europeias e, segundo foi anunciado, importaria em 40 mil
milhões de dólares. Foi, portanto, um duríssimo golpe para a poderosa indústria de defesa
francesa, mas também para toda a indústria europeia, enquanto fornecedora de
componentes.
Esta nova aliança
estratégica pretende travar o expansionismo chinês na região e em especial no
mar da China, mas o seu impacto económico é tão grande e é tão penalizador para
a França e para a Europa, que a edição americana do Financial Times a destacou hoje como
a notícia do dia.