quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Espanha e Catalunha ‘se sientan y hablan’

O ditador Francisco Franco tinha abolido a autonomia da Catalunha depois da guerra civil, mas após a sua morte e a democratização da Espanha, renasceram as reivindicações autonomistas que vieram a ser consagradas no Estatuto de Autonomia da Catalunha de 2006. Porém, à reivindicação autonomista sucedeu a reivindicação independentista, que veio a ser encabeçada pelos presidentes da Generalitat da Catalunha, Artur Mas (2010-2016) e Carles Puigdemont (2016-2017), tendo este organizado um referendo que as autoridades espanholas não tinham autorizado e declarado depois a independência da Catalunha no dia 10 de Outubro de 2017. Carles Puigdemont foi destituído, exilou-se na Bélgica e, pouco tempo depois, a Generalitat passou a ser governada por Joaquim Torra (2018-2020), um discípulo de Puigdemont, que também veio a ser destituído pelo crime de desobediência, ao recusar-se a retirar a simbologia independentista dos edifícios públicos como tinha sido determinado pelos tribunais. O clima de tensão entre espanholistas e independentistas era muito intenso, com muita agitação e frequentes manifestações de rua.
Porém, a pandemia do covid-19 parece ter atenuado as tensões entre os catalães e nas eleições de 14 de Fevereiro de 2021, o partido mais votado foi o Partido Socialista da Catalunha (PSC) de Salvador Illa, que fora ministro da Saúde do governo espanhol, mas a aliança dos independentistas da Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) e do Junts per Catalunya (JxCat) permitiu formar uma maioria parlamentar de suporte à presidência da Generalitat em que, pela primeira vez, coube à ERC na pessoa de Pere Aragonès, um advogado de 38 anos de idade. Depois de “anos de frenesim”, os catalães passaram da sua máxima mobilização com 79% de votantes em 2017, para a sua máxima abstenção com 53% de votantes em 2021. Significa que, apesar de terem a maioria dos 135 deputados, não têm unidade nem força política.
Porém, depois de muitos anos de tensão e de hostilidade, o governo espanhol de Pedro Sánchez e o governo catalão de Pere Aragonès, “se sientan y hablan, sin plazos”, como noticia hoje o jornal el Periodico de Barcelona. 
Uma boa notícia para a estabilidade na Espanha e na península Ibérica.

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