O ditador
Francisco Franco tinha abolido a autonomia da Catalunha depois da guerra civil,
mas após a sua morte e a democratização da Espanha, renasceram as
reivindicações autonomistas que vieram a ser consagradas no Estatuto de
Autonomia da Catalunha de 2006. Porém, à reivindicação autonomista sucedeu a
reivindicação independentista, que veio a ser encabeçada pelos presidentes da Generalitat da Catalunha, Artur Mas (2010-2016) e Carles Puigdemont (2016-2017), tendo
este organizado um referendo que as autoridades espanholas não tinham autorizado
e declarado depois a independência da Catalunha no dia 10 de Outubro de 2017. Carles
Puigdemont foi destituído, exilou-se na Bélgica e, pouco tempo depois, a Generalitat passou a ser governada por Joaquim
Torra (2018-2020), um discípulo de Puigdemont, que também veio a ser destituído
pelo crime de desobediência, ao recusar-se a retirar a simbologia
independentista dos edifícios públicos como tinha sido determinado pelos
tribunais. O clima de tensão entre espanholistas e independentistas era muito intenso,
com muita agitação e frequentes manifestações de rua.
Porém, a pandemia do covid-19 parece ter atenuado as tensões
entre os catalães e nas eleições de 14 de Fevereiro de 2021, o partido mais
votado foi o Partido Socialista da Catalunha (PSC) de Salvador Illa, que fora
ministro da Saúde do governo espanhol, mas a aliança dos independentistas da Esquerra Republicana de Catalunya (ERC)
e do Junts per Catalunya (JxCat)
permitiu formar uma maioria parlamentar de suporte à presidência da Generalitat em que, pela primeira vez, coube
à ERC na pessoa de Pere Aragonès, um advogado de 38 anos de idade. Depois de “anos
de frenesim”, os catalães passaram da sua máxima mobilização com 79% de
votantes em 2017, para a sua máxima abstenção com 53% de votantes em 2021. Significa
que, apesar de terem a maioria dos 135 deputados, não têm unidade nem força política.
Porém, depois de
muitos anos de tensão e de hostilidade, o governo espanhol de Pedro Sánchez e o
governo catalão de Pere Aragonès, “se sientan y hablan, sin plazos”, como
noticia hoje o jornal el Periodico de Barcelona.
Uma boa notícia para a estabilidade
na Espanha e na península Ibérica.
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