quinta-feira, 12 de julho de 2012

Passeios tropicais em tempo de crise

Não é honesta a forma tão dispendiosa para o erário público que foi utilizada pela jovem mas experient ministra da agricultura e das florestas e das pescas e do mar e do ambiente e do ordenamento do território e de outras coisas que eu nem me lembro, para ganhar popularidade entre as suas hostes, ao proporcionar passeatas tropicais aos amigos.
Este tipo de porreirismo é condenável e os sacrifícios que me estão a ser exigidos em termos fiscais e outros, não podem servir para financiar estas irresponsabilidades da jovem e experient ministra. Exactamente quando eu recebo a notificação para pagar quatro vezes mais de IRS relativo a 2011 relativamente ao que pagara em 2010, para o mesmo rendimento, a jovem e experient ministra autorizou a ida de vinte pessoas do seu super-ministério à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Cimeira Rio+20, realizada no Rio de Janeiro, que visava discutir coisas importantes como a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável. E lá foram vinte assessores e adjuntos e secretários de estado e técnicos e sei lá quem mais. As clientelas do costume. Para quê tanta gente? Ao menos assistiram às reuniões? Apresentaram comunicações? O que ganhamos nós com isso?
Segundo revela o Correio da Manhã, esta decisão da jovem e experient ministra terá custado pelo menos 40 mil euros, sem incluir as ajudas de custo, pois as viagens aéreas terão custado cerca de mil euros cada uma e cada quarto de hotel rondava os 400 euros por noite. A  jovem e experient ministra ainda teve a insensatez de argumentar, não com o interesse nacional dessa viagem, mas com a bonificação que houve nos preços das viagens e dos hotéis. Depois queixam-se que o défice não baixa... Curiosamente, devido ao elevado preço dos quartos dos hotéis, o Parlamento Europeu cancelou a sua participação nesse evento. São os maus exemplos, como foram estes passeios tropicais em tempo de crise, que nos fazem desconfiar de tudo isto.

Promoção do país ou promoção pessoal?

Durante cerca de uma semana o ministro Portas deambulou pela China e, qual Fernão Mendes Pinto, andou peregrinando “por esse rio acima”, a chefiar uma comitiva aparentemente numerosa mas cuja composição não foi divulgada, lutando bravamente pelo interesse nacional – vender empresas e produtos, atrair investimentos e turistas. Foi uma estrela, um verdadeiro artista! Simultaneamente, ele era o ministro, o condottieri, o técnico de marketing, o estratega, o negociante, o animador, o elo de ligação entre o Ocidente e o Oriente e o “especialista a resolver problemas”, como a si próprio se classificou. A RTP, que nós pagamos, acompanhou-o e deu-lhe a visibilidade interna que ele ambicionava. O seu currículo ficou mais rico e mais internacional. Os chineses ficaram certamente impressionados com o estadista lusitano e com as suas ideias inovadoras, sobretudo quando ele descobriu que Macau pode ser uma plataforma de promoção de Portugal na China, uma coisa que nunca tinha sido antes descoberta. Porém, esquecendo que Macau já não está sob administração portuguesa, ei-lo a sugerir o envolvimento das autoridades da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China no encaminhamento do turismo chinês para Portugal, ao afirmar que "Portugal tem que fazer, com a colaboração das autoridades de Macau, um esforço especialmente relevante junto da promoção turística aqui em Macau". Genial. Sobre a viagem da sua comitiva à China, o ministro disse que “cumpriu completamente os objectivos que tinha” e acrescentou que “confirmou a parceria estratégica entre a China e Portugal”. Na sua obsessão por regressar à Pátria com uma folha inteira de bons serviços, quase ignorou aqueles que por aquelas terras longínquas asseguram quotidianamente a preservação da língua e da cultura portuguesas. O jornal macaense Hoje Macau reagiu a essa desconsideração e denunciou que “Portas só vê cifrões”. Os portugueses de Macau e, naturalmente, a sabedoria chinesa ainda devem estar a rir-se deste xico-esperto.