Cerca
de 75 anos depois da famosa operação aeronaval em que a Marinha Imperial
japonesa atacou a base americana de Pearl Harbor nas ilhas Hawai, o Presidente
Barack Obama e o primeiro-ministro Shinzō Abe encontraram-se exactamente no local onde no dia 7 de Dezembro
de 1941 aconteceu esse ataque que provocou a morte de 2300 militares americanos
e empurrou os Estados Unidos para a 2ª Guerra Mundial. Como foi afirmado nos discursos
pronunciados no USS Arizona Memorial,
nenhum outro local era tão apropriado para assinalar a definitiva reconciliação
entre os Estados Unidos e o Japão.
Esta foi a primeira visita oficial de um
líder japonês àquela base naval e esse gesto emblemático foi interpretado como o símbolo de uma
autêntica reconciliação, a que ainda assistiram alguns sobreviventes dessa
trágica manhã, entre os quais o luso-descendente Alfred Rodrigues.
Porém, esta iniciativa também teve o cunho da
reciprocidade. De facto, no passado mês de Maio o Presidente Barack Obama tinha
sido o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar Hiroshima,
a primeira cidade japonesa sobre a qual foi lançada uma bomba nuclear no dia 6
de Agosto de 1941, que provocou a morte de 150 mil pessoas. Nesse local encontra-se hoje o Hiroshima Peace Memorial e foi aí que
Barack Obama e Shinzō Abe deram ao mundo uma primeira imagem de
reconciliação.
Estas visitas foram mensagens enviadas para o mundo,
mostrando que é sempre possível encontrar a paz, mesmo depois das mais
violentas guerras. O
jornal Star Advertiser que se publica em Honolulu, fez uma alargada
reportagem do acontecimento e, na sua primeira página, destacou exactamente a
palavra reconciliação. Curiosamente, nem Barack Obama pediu desculpas ao Japão,
nem Shinzō Abe pediu
desculpas aos Estados Unidos, isto é, houve um respeito pela História e não
houve lugar para esse tipo de hipocrisias.