domingo, 7 de abril de 2019

A luta pelo poder intensifica-se na Líbia

Segundo vem sendo noticiado, desde que Muammar Kadhafi foi morto em Syrte no dia 20 de Outubro de 2011, a Líbia entrou num caos político, com várias facções tribais a disputar o poder. Depois de uma primeira guerra civil líbia seguiu-se uma certa acalmia, mas o conflito reacendeu-se e agora há duas autoridades ou facções a lutar pelo poder, naquilo que já é chamada a segunda guerra civil líbia: de um lado está um governo de união nacional estabelecido em 2015 em Tripoli e que vem sendo reconhecido pelas Nações Unidas e pela comunidade internacional e, do outro, uma outra autoridade dirigida pelo auto-proclamado marechal Khalifa Haftar. Haftar é um militar muito conceituado com dupla nacionalidade, líbia e americana, que exerce o poder na zona leste do país a partir da cidade de Benghazi e tem o apoio do Egipto e dos Emirados Árabes Unidos, que o ajudam militarmente e o consideram um baluarte contra os islamitas.
Nos últimos dias, as forças de Haftar aproximaram-se de Tripoli e terão recebido ordens para atacar a cidade, havendo notícias de ataques aéreos nos seus subúrbios. Perante este quadro, o jornal italiano la Repubblica afirma que há o caos na Líbia e o medo na Europa. As Nações Unidas procuram soluções e António Guterres foi a Tripoli para incentivar as partes a participar numa conferência de paz, porque “não há solução militar e apenas o diálogo entre os líbios pode resolver os problemas do país”.
Curiosamente, o Papa Francisco referiu-se ontem ao facto da Europa e dos Estados Unidos alimentarem estes conflitos com a venda de armas, embora o assunto seja mais complexo. De qualquer forma, parece não haver dúvidas que as destabilizações no Iraque, na Síria e na Líbia tiveram origem nas intervenções ocidentais que não compreenderam a realidade política e cultural desses países e apostaram no derrube de Sadam Hussein, Bashar el-Assad e Muammar Kadhafi.
A Líbia fica às portas da Europa e a actual situação pode intensificar a corrente migratória clandestina para Lampedusa, para Malta e de um modo geral para a Europa. Se há o caos na Líbia, então o medo aumenta na Europa.