Segundo vem sendo
noticiado, desde que Muammar Kadhafi foi morto em Syrte no dia 20 de Outubro de
2011, a
Líbia entrou num caos político, com várias facções tribais a disputar o poder.
Depois de uma primeira guerra civil líbia seguiu-se uma certa acalmia, mas o conflito reacendeu-se e agora há duas autoridades ou facções a lutar pelo poder, naquilo que já é chamada
a segunda guerra civil líbia: de um lado está um governo de união nacional
estabelecido em 2015 em Tripoli e que vem sendo reconhecido pelas Nações Unidas
e pela comunidade internacional e, do outro, uma outra autoridade dirigida pelo
auto-proclamado marechal Khalifa Haftar. Haftar é um militar muito conceituado com dupla nacionalidade, líbia e americana, que exerce o poder na zona leste
do país a partir da cidade de Benghazi e tem o apoio do Egipto e dos
Emirados Árabes Unidos, que o ajudam militarmente e o consideram um baluarte
contra os islamitas.
Nos últimos dias,
as forças de Haftar aproximaram-se de Tripoli e terão recebido ordens para
atacar a cidade, havendo notícias de ataques aéreos nos seus subúrbios. Perante este quadro, o jornal italiano la Repubblica afirma que há
o caos na Líbia e o medo na Europa. As Nações Unidas
procuram soluções e António Guterres foi a Tripoli para incentivar as partes a
participar numa conferência de paz, porque “não há
solução militar e apenas o diálogo entre os líbios pode resolver os problemas
do país”.
Curiosamente,
o Papa Francisco referiu-se ontem ao facto da Europa e dos Estados Unidos
alimentarem estes conflitos com a venda de armas, embora o assunto seja mais
complexo. De qualquer forma, parece não haver dúvidas que as destabilizações no
Iraque, na Síria e na Líbia tiveram origem nas intervenções ocidentais que não
compreenderam a realidade política e cultural desses países e apostaram no
derrube de Sadam Hussein, Bashar el-Assad e Muammar Kadhafi.
A Líbia fica às portas da Europa e a actual situação
pode intensificar a corrente migratória clandestina para Lampedusa, para Malta
e de um modo geral para a Europa. Se há o caos na Líbia, então o medo aumenta na Europa.
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