quarta-feira, 29 de abril de 2020

A crise pandémica e a ‘America first’

Os Estados Unidos são hoje o centro da pandemia de covid-19 e registam mais de um milhão de infectados e 56.843 óbitos. É uma calamidade sem precedentes na história sanitária americana e, só na última semana, verificaram-se cerca de 200 mil novos casos de pessoas infectadas e cerca de 12 mil óbitos. America first, a frase-slogan da doutrina oficial da política da administração Trump está a afirmar-se por razões bem infelizes, isto é, a América está no topo ou no centro da pandemia.
Nesta situação que atinge em especial o estado de Nova Iorque, destacaram-se as recentes palavras do presidente Donald que chocaram a comunidade científica, ao sugerir que a injecção de um desinfectante numa pessoa infectada poderia destruir o vírus num minuto, o que fez com que algumas pessoas seguissem o conselho presidencial e que as linhas telefónicas de emergência tivessem recebido muitas chamadas com relatos ou perguntas sobre a exposição a lixívia e a outros desinfectantes.
A sugestão de Donald Trump que fez rir o mundo, faz-me lembrar o que dizem alguns indivíduos que em Portugal se dedicam ao comentário televisivo como biscate para receberem um dinheirinho e para que o povo se lembre deles, pois também falam da pandemia sem saber do que falam. Eu penso que há um enorme atrevimento dos Portas, dos Júdices ou dos Marques Mendes, entre outros, que falam do covid-19 com base no que leem aqui e acolá, mas sem que tenham conhecimentos científicos de Medicina ou de Estatística, que lhes permitam tratar desses assuntos. Falam alto e claro, exibem-se sem contraditório, mas não sabem do que falam. Nessa matéria não passam de uns vulgares vendedores de banha de cobra, porque uma licenciatura em Direito ou muita experiência política, não são créditos suficientes para tratar de assuntos da área da Saúde Pública. E eles, sem qualquer pudor, estão a fazê-lo.