A versão moçambicana da revista Exame que se publica em Maputo chama-lhe “o novo tesouro do país” e dedica uma extensa reportagem à recente descoberta de grandes reservas de gás natural na chamada bacia do Rovuma, isto é, uma extensa área marítima situada ao longo da costa moçambicana do distrito de Cabo Delgado, até à fronteira com a Tanzânia. Para um português que, por dever de ofício, tanto por ali navegou, a notícia de que Moçambique entrou na rota mundial do negócio do gás natural só pode ser recebida com entusiasmo.
O Estado moçambicano constituíu no offshore moçambicano seis áreas para prospecção/exploração do gás natural e a intervenção nessas áreas é regulada por contratos assinados com alguns consórcios internacionais. Ao longo da costa norte do distrito de Cabo Delgado situa-se a Area 1, mais próxima da costa, sendo o consórcio formado pela americana Anadarko com 36,5% das acções, a japonesa Mitsui com 20%, as indianas BPRL Ventures e Videocon com 10% cada uma, a tailandesa PTTEP com 8,5% e a moçambicana ENH com 15%. Na Área 4, que é contígua à Área 1 e se estende para Leste do arquipélago das Quirimbas, o consórcio é formado pela italiana ENI com 70% das acções, a coreana Kogas, a Galp Energia e a moçambicana ENH com 10% cada uma. Os consórcios que exploram as outras áreas são dominados pela norueguesa Statoil e pela malaia Petronas.
Nas Áreas 1 e 4 têm sido anunciadas importantes descobertas de gás natural e, no caso da Área 4, o poço recentemente descoberto – Mamba Sul - encontra-se a 40 Km da costa e a cerca de 1585 metros de profundidade, tendo a perfuração atingido cinco mil metros.
A produção intensiva de gás natural e a sua liquefacção para transporte poderão iniciar-se em 2018 e irão criar dezenas de milhar de postos de trabalho, que bem podem induzir um novo e bem promissor ritmo de prosperidade a Moçambique.