sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vem Cantar: a canção portuguesa em Goa

No próximo domingo realiza-se no auditório da Kala Academy na cidade de Pangim, a capital do Estado de Goa, as provas finais de um interessantíssimo concurso de canções portuguesas intitulado Vem Cantar - Concurso da Canção Portuguesa 2012.
O concurso realizou-se pela primeira vez em 1998 por iniciativa do Rosary College of Commerce and Arts de Navelim, no sul de Goa. No ano seguinte, através da sua delegação em Goa, a Fundação Oriente associou-se àquela iniciativa e, desde então, o concurso ganhou dimensão, qualidade e notoriedade. De Mariza a Roberto Carlos, passando por Rui Veloso, Amália, José Afonso e Madredeus, a canção em português desperta um crescente interesse em Goa, não só entre os luso-falantes, mas também em outros sectores da população que, depois de terem rejeitado a língua portuguesa enquanto língua de dominação colonial, se têm reaproximado da língua e da cultura lusíada, até como forma de afirmação na sociedade goesa.
Nesta 15ª edição do concurso Vem Cantar, o número de participantes aumentou significativamente para 37 indivíduos e 23 grupos, tendo havido necessidade de eliminatórias preliminares no Palácio dos Maquineses em Pangim e no Clube Harmonia em Margão. Tanto quanto sabemos, este tipo de iniciativa não se realiza em nenhuma outra comunidade ou espaço lusófonos e acontece porque a memória portuguesa em Goa está viva.

O ideal republicano pertence ao povo

Decorreu hoje o 102º aniversário da implantação da República e as tradicionais celebrações populares, cujo ponto mais alto costumava ser a cerimónia do hastear da bandeira nos Paços do Concelho – exactamentre da mesma varanda de onde os revolucionários republicanos proclamaram o novo regime – foram oficialmente substituídas por uma cerimónia singela no Pátio da Galé, em espaço fechado, com uma assistência seleccionada e às escondidas do povo. Inacreditável. Alguém assim decidiu, certamente para não ouvir os protestos e os apupos que estão a perseguir os nossos dirigentes políticos. Por isso, os mais assustados não apareceram com medo do protesto popular e até houve quem tivesse arranjado o pretexto de uma reunião em Bratislava para faltar. Nunca um Primeiro-Ministro do nosso regime democrático faltara às Comemorações do 5 de Outubro.
Tal como a bandeira ou o hino nacionais, os factos e as datas históricas também têm um significado simbólico e a sua evocação deveria constituir um momento de unidade nacional e de mobilização em torno de novos objectivos e novos desígnios. Mas não foi. Salvou-se o discurso do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a defender que há alternativa ao actual estado de desagregação - que há sempre alternativa - que o futuro não está no regresso à economia de baixo salário e que não podemos aceitar como coisa normal a fuga dos nossos jovens, nem ser apenas o bom aluno dos diktats europeus.
No estado de grande desorientação governativa e de grande perturbação popular em que vivemos, os dirigentes assustados passam, mas a República fica.