Decorreu hoje o 102º aniversário da implantação da República e as tradicionais celebrações populares, cujo ponto mais alto costumava ser a cerimónia do hastear da bandeira nos Paços do Concelho – exactamentre da mesma varanda de onde os revolucionários republicanos proclamaram o novo regime – foram oficialmente substituídas por uma cerimónia singela no Pátio da Galé, em espaço fechado, com uma assistência seleccionada e às escondidas do povo. Inacreditável. Alguém assim decidiu, certamente para não ouvir os protestos e os apupos que estão a perseguir os nossos dirigentes políticos. Por isso, os mais assustados não apareceram com medo do protesto popular e até houve quem tivesse arranjado o pretexto de uma reunião em Bratislava para faltar. Nunca um Primeiro-Ministro do nosso regime democrático faltara às Comemorações do 5 de Outubro.
Tal como a bandeira ou o hino nacionais, os factos e as datas históricas também têm um significado simbólico e a sua evocação deveria constituir um momento de unidade nacional e de mobilização em torno de novos objectivos e novos desígnios. Mas não foi. Salvou-se o discurso do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa a defender que há alternativa ao actual estado de desagregação - que há sempre alternativa - que o futuro não está no regresso à economia de baixo salário e que não podemos aceitar como coisa normal a fuga dos nossos jovens, nem ser apenas o bom aluno dos diktats europeus.
No estado de grande desorientação governativa e de grande perturbação popular em que vivemos, os dirigentes assustados passam, mas a República fica.
Sem comentários:
Enviar um comentário