quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A mediação no conflito ucraniano

O jornal The National que se publica na cidade-ilha de Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, destaca como manchete da sua edição de ontem, o apelo do xeque Mohamed para que a Rússia e a Ucrânia conversem e se entendam. Numa altura em que a tensão à volta da Ucrânia se agrava e em que se fala mais de mísseis, de sistemas de defesa anti-aérea e de produção de mais armamento, a voz dos Emirados é prudente e sensata, apelando a conversações entre as partes e à paz, isto é, recusando a lógica que tem prevalecido de destruir ou de enfraquecer o adversário. O xeque Mohamed sabe que nesta guerra não haverá vencedores e que todos sairão a perder.
Os Emirados Árabes Unidos são uma confederação de sete monarquias ou emirados árabes, cujo primeiro-ministro e vice-presidente é o xeque Mohamed, a designação honorífica de Mohammed bin Rashid Al Maktoum, que também é o emir do Dubai. Este homem que é muito poderoso e governa uma das regiões mais ricas do mundo, além de ser o sexto maior produtor de petróleo do mundo, visitou São Petersburgo e encontrou-se com Vladimir Putin, a quem informou da sua política de apoiar a paz e a estabilidade e “pediu a continuação de políticas sérias para resolver a crise ucraniana, independentemente de quão difícil ou complexa possa ser”. Note-se que os Emirados desempenharam um papel fundamental de mediação na recente troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia e que, antes de de visitar São Petersburgo, o xeque Mohamed esteve em Kyev.
Estamos, portanto, perante um activo mediador no conflito ucraniano e os seus esforços nesta causa justificam o nosso aplauso.