As eleições legislativas venezuelanas realizadas no passado domingo tiveram
um resultado que, não sendo inesperado surpreendeu, porque depois de 16 anos no
poder, o chavismo foi derrotado.
As eleições realizaram-se num quadro de dificuldades económicas devidas à
quebra da receita do petróleo e num ambiente de grande perturbação nacional e
de quase revolta popular, com uma enorme escassez de alimentos e de
medicamentos no mercado, com altas taxas de inflação, com perseguições
políticas, muita insegurança e raptos e atentados. O eleitorado polarizou-se em
torno de duas grandes coligações: de um lado o GPP ou Gran Polo Patriótico
Simón Bolívar, liderado por Nicolas Maduro, o actual
presidente da República Bolivariana da Venezuela e herdeiro político de Hugo Chavez e, do outro, o MUD ou Mesa de la Unidad
Democratica liderado por Henrique Capriles. Embora se tratasse de duas grandes
coligações, cada uma delas com um largo leque de partidos e movimentos, o GPP
era classificado de centro-esquerda, enquanto o MUD era classificado de
centro-direita. Os quase vinte milhões de eleitores deram a vitória ao MUD, o
que aconteceu pela primeira vez em 16 anos. Nicolas Maduro reconheceu a derrota
e afirmou que venceu a paz. Depois de
novos ventos em Cuba, de mudanças na Argentina e de ambiente tenso no Brasil, está
em curso a mudança na Venezuela.
As eleições venezuelanas têm uma grande importância para Portugal, porque
depois do Brasil, a Venezuela é o segundo país da América Latina com mais emigrantes
portugueses. Os números oficiais apontam para cerca de quinhentos mil, embora
os luso-descendentes possam ultrapassar um milhão. Por isso, tudo o que
acontece na Venezuela interessa aos portugueses.