Como hoje alguém
escrevia no jornal Expresso e embora
seja cruel afirmá-lo, “já estamos todos fartos da guerra na Ucrânia”, bem como
das aparições diárias de Zelensky a pedir armas, das professoras-comentadoras que falam nas televisões e dos repetitivos serviços dos enviados especiais dos diferentes canais
televisivos. Porém, a visita que os líderes da Alemanha, da França e da Itália
ontem fizeram a Kiev veio lembrar-nos que a guerra continua e que os riscos de
uma escalada bélica persistem. A deslocação de Scholz, Macron e Draghi foi um
acontecimento político importante, não só porque aparenta ser a retoma da
iniciativa europeia neste conflito, mas também porque significa “a homenagem da
Europa à coragem ucraniana”, como salientava hoje o jornal Le Figaro.
Naturalmente que
a deslocação destes três líderes não foi apenas para mostrar solidariedade e
para prometer apoio militar e à reconstrução do país, além do seu acordo para
uma futura adesão à União Europeia. A sua missão teve um outro objectivo que
não foi revelado. Eles foram os porta-vozes dos europeus, cujos pontos de vista
eles necessariamente conhecem, através de uma sondagem feita pelo European
Council on Foreign Relations (ECFR) que foi realizada em dez países europeus.
Essa sondagem foi divulgada na edição de 15 de Julho do jornal Público e mostra que existe um grande
consenso entre os europeus na identificação do principal responsável pela
guerra na Ucrânia. Assim, para 73% dos inquiridos o principal responsável pelo
conflito é a Rússia, embora 15% considerem que o principal responsável pela
guerra é a própria Ucrânia, ou a União Europeia, ou os Estados Unidos.
No que
respeita ao desejável fim do conflito na Ucrânia, a sondagem mostra que a
Europa está dividida entre uma paz rápida (ou campo da paz) com 35%, ou a
punição da Rússia pela guerra (ou campo da justiça) com 20%. Nos limites
extremos encontram-se a Itália com 52% dos inquiridos no campo da paz e 16% no
campo de justiça e a Polónia com 16% dos inquiridos no campo da paz e 41% no
campo da justiça, enquanto em Portugal há 31% de inquiridos no campo da paz e
21% no campo da justiça.
Certamente que a
sondagem da ECFR, que traduz as posições da opinião pública europeia, esteve
presente no encontro de Olaf Scholz, Emmanuel Macron e Mario Draghi com
Volodymyr Zelensky.