Desde Março de
2015 que está acesa uma guerra civil no Iémen que tem os seus fundamentos
próprios e as suas características particulares, mas que se inscreve na chamada
Primavera árabe de 2011. A
mais recente edição do The Economist aborda esse tema como
“the war the world ignores”.
O Iémen
situa-se no extremo sudoeste da península arábica, tem 527 mil km2 de
superfície o que significa que é maior do que a Espanha, tem 28 milhões de
habitantes e controla a entrada do Mar Vermelho no estreito de Bab el Mandeb.
O actual conflito
nasceu das divergências entre dois grupos que reivindicam o poder no Iémen,
respectivamente as forças leais ao presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi que
dominam a área de Aden e as forças leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh,
maioritariamente constituídas pelos Houthis. Estas forças serão apoiadas pelo
Irão, Eritreia, Rússia e Coreia do Norte, enquanto as forças de Hadi são
apoiadas por uma coligação liderada pela Arábia Saudita, em que participam Bahrein,
Egipto, Jordânia, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Qatar e Sudão, com
o apoio dos Estados Unidos. Os dois grupos ou facções não são mais que uma
extensão da conflitualidades entre xiitas e sunitas ou, entre o Irão e a Arábia
Saudita.
A situação no
terreno não é bem conhecida mas parece que os Houthis controlam a capital
Sanaa, enquanto as forças de Hari controlam a cidade de Aden. Embora os Houthis sejam os
responsáveis pelo início desta guerra, as forças sauditas, ou apoiadas pelos
sauditas, são acusadas de crimes de guerra, sobretudo por bombardeamentos aéreos
sobre mercados, escolas, hospitais e mesquitas.
Diz-se que os
Houthis são muito fracos para dominar o Iémen, mas que são muito poderosos para
serem derrotados pela Arábia Saudita, pelo que a guerra prossegue. As organizações humanitárias
internacionais têm denunciado a gravíssima crise que se vive no país
e alguns países ocidentais que deveriam promover a paz, estão a ser acusados de entrar nesta guerra para alimentar os seus negócios de armamento com os sauditas e seus aliados, sobretudo com a venda de aviões e de munições. Porém, o mundo parece ignorar
esta guerra.