sábado, 4 de dezembro de 2021

A França produz aviões e vende, vende …

Depois do “escândalo” que foi o cancelamento do contrato de fornecimento de doze submarinos nucleares à Austrália, que constituiu um duro golpe para a indústria de defesa francesa e originou muita tensão entre americanos e franceses, surgiu hoje no Le Figaro e em outros jornais franceses, a notícia de ter sido assinado um contrato pela Dassault Aviation para o fornecimento de oitenta caças Rafale F4 e doze helicópteros de transporte militar Caracal para as Forças Aéreas e de Defesa Aérea dos Emirados Árabes Unidos. Não foi um acontecimento de rotina e, por isso, Emmanuel Macron e o sheikh Mohammed Al Nahyane, o príncipe herdeiro do Abu Dhabi, assistiram à assinatura do contrato.
Segundo foi anunciado, trata-se da maior encomenda feita até hoje deste avião, que entrou ao serviço em 2004 e que já equipa o Qatar (36 unidades) e o Egipto (24 unidades), embora este país tenha assinado no início deste ano um contrato para o fornecimento de mais 30 unidades. Depois das Forças Armadas francesas, as Forças Armadas dos Emirados serão as primeiras que irão dispor desta moderna versão do Rafale, que irão substituir os seus Mirage 2000. Este contrato de 17 mil milhões de euros é uma excelente notícia para a França e para a indústria aeronáutica francesa, bem como para o universo de quatro centenas de empresas, grandes e pequenas, que contribuem para a produção do Rafale, o que representa milhares de empregos garantidos para os franceses durante a próxima década.
A Dassault Aviation tem 12.400 colaboradores e, até hoje, fabricou e vendeu mais de dez mil aviões de diversos tipos, incluindo 2.500 Falcon para mais de noventa países. É uma grande empresa e uma grande alavanca para a economia francesa, embora se trate de recursos que bem poderiam ser utilizados para tornar a humanidade mais feliz ou para ajudar a reduzir a pobreza e a fome no mundo. Porém as coisas são o que são e não são aquilo que poderiam ser.

A Ómicron que nos trouxe insegurança

Uma nova variante do coronavírus foi identificada na África do Sul no dia 24 de Novembro e, mesmo antes de se saber a sua causa ou a sua gravidade, deu origem a uma enorme preocupação mundial e a uma generalizada restrição de viagens em todo o mundo. Porém, as apreensões não são apenas de natureza sanitária, pois também são de natureza económica por afectarem alguns sectores como o turismo.
Dois dias depois da sua detecção, a Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou essa variante e designou-a como variante B.1.1.529 ou variante Ómicron, como passou a ser formalmente conhecida, mas também informou que pode levar semanas a saber-se a sua natureza e gravidade, mas um alto responsável da OMS já veio declarar que “é mais transmissível, mais virulento e foge das vacinas”.
Aos poucos, alguns países declararam ter detectado a doença, entre os quais o Reino Unido, a Holanda, a Alemanha e Portugal, mas esse número de países onde foi detectada variante tem vindo a aumentar. Anteontem o jornal novaiorquino Newsday informava sobre o aparecimento do primeiro caso de Ómicron nos Estados Unidos, que assim se tornaram no 24º país a confirmar a detecção dessa variante do vírus. Depois, também a Austrália e o Brasil já anunciaram o aparecimento do vírus.
Entretanto, em Portugal já se detectaram 38 casos da variante Ómicron e os internamentos em unidades de cuidados intensivos regista uma “tendência fortemente crescente”, segundo as autoridades de saúde. Tenhamos todos os cuidados e sigamos as regras que já tínhamos usado antes, mas não restam dúvidas que a insegurança sanitária regressou.