segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Realizações televisivas de alta qualidade

Terminou ontem em Santiago de Compostela a 76ª edição da Volta ciclista à Espanha ou Vuelta 2021, com a vitória do ciclista esloveno Primož Roglič, que assim averbou a terceira vitória consecutiva naquela prova que este ano teve uma extensão de 3.417 quilómetros e se distribuiu por 21 etapas. 
Primož Roglič venceu quatro dessas etapas e dominou a prova completamente, deixando o segundo classificado a 4 minutos e 42 segundos. Recentemente ganhara em Tóquio a medalha de ouro olímpica na prova da corrida contra-relógio e com estas vitórias tornou-se um dos mais bem-sucedidos desportistas mundiais da actualidade. Curiosamente, ele foi saltador de esqui e campeão mundial dessa modalidade, só tendo optado pelo ciclismo há cerca de dez anos. Foi uma boa decisão, pois tornou-se um verdadeiro campeão. 
Dos 184 ciclistas que participaram na prova houve dois portugueses à partida e, nos 142 que chegaram ao fim, eles lá estavam: Nelson Oliveira da Movistar terminou em 72ª posição e Rui Olivreira da do UAE Team Emirates acabou em 74º lugar.
Porém, tão interessantes quanto foram a Vuelta 2021 e os seus resultados finais, foram as reportagens televisivas que diariamente foram apresentadas pelo canal Eurosport, que conseguem ser não apenas um detalhado relato da corrida e do entusiasmo popular que suscita, inclusive de muitos portugueses, mas também um excelente documentário que mostra o património natural e arquitectónico espanhol e constitui um casamento perfeito entre Desporto e Património. 
Primož Roglič, foi o campeão na bicicleta, mas a realização das reportagens televisivas também merecia um prémio. O meu aplauso.

O adeus de Angela Merkel 16 anos depois

Aproxima-se a data em que Angela Merkel vai deixar de ser chanceler da Alemanha, um cargo que ocupa desde 2005. Foram dezasseis anos na primeira linha da política mundial, em que muitas vezes foi considerada a mulher mais poderosa do mundo.
Não é este o local para fazer o elogio da carreira política da senhora Merkel, tanto pela forma equilibrada como geriu os negócios da Alemanha durante quatro mandatos, como pelo  prestígio internacional que lhe foi reconhecido e que lhe valeu ser considerada muitas vezes como a líder da União Europeia. Em dezasseis anos de mandato ele enfrentou inúmeras crises com destaque para a ruptura do sistema financeiro global de 2008, para as cíclicas ameaças de dissolução da União Europeia, para a grande onda migratória que teve o seu pico em 2015 e, finalmente, para a pandemia do covid-19. Nessas situações, a Europa olhava para ela e sabia que ninguém era mais capaz do que ela para enfrentar dificuldades e para manter arrumada "a casa comum".
Porém, a chanceler Angela Merkel ainda teve outros contratempos, como foi o acompanhamento das complexas questões da Síria, do Irão e da Ucrânia, assim como o convívio institucional com Donald Trump e Vladimir Putin, mas também com outros figurões como Recep Tayyip Erdoğan, Viktor Orbán ou Boris Johnson.
Quando escrever as suas memórias, ela certamente irá dar um lugar de destaque a um figurão com quem também conviveu institucionalmente durante cerca de nove anos e que se chamava José Barroso, uma figura inesquecível de fura-vidas a quem a própria mulher chamava “o cherne”.
Na sua última edição a prestigiada revista Der Spiegel parece ter iniciado as devidas homenagens a Angela Merkel, que seguramente irão aparecer de muitos lados, porque não é comum que alguém governe tanto tempo com o apoio do voto popular.