Aproxima-se a
data em que Angela Merkel vai deixar de ser chanceler da Alemanha, um cargo que
ocupa desde 2005. Foram dezasseis anos na primeira linha da política mundial,
em que muitas vezes foi considerada a mulher mais poderosa do mundo.
Não é este o
local para fazer o elogio da carreira política da senhora Merkel, tanto pela
forma equilibrada como geriu os negócios da Alemanha durante quatro mandatos,
como pelo prestígio internacional que lhe foi reconhecido e que lhe valeu ser
considerada muitas vezes como a líder da União Europeia. Em dezasseis anos de
mandato ele enfrentou inúmeras crises com destaque para a ruptura do sistema
financeiro global de 2008, para as cíclicas ameaças de dissolução da União
Europeia, para a grande onda migratória que teve o seu pico em 2015 e,
finalmente, para a pandemia do covid-19.
Nessas situações, a Europa olhava para ela e sabia que ninguém era mais capaz
do que ela para enfrentar dificuldades e para manter arrumada "a casa comum".
Porém, a
chanceler Angela Merkel ainda teve outros contratempos, como foi o
acompanhamento das complexas questões da Síria, do Irão e da Ucrânia, assim
como o convívio institucional com Donald Trump e Vladimir Putin, mas também com
outros figurões como Recep
Tayyip Erdoğan, Viktor Orbán ou Boris Johnson.
Quando escrever
as suas memórias, ela certamente irá dar um lugar de destaque a um figurão com
quem também conviveu institucionalmente durante cerca de nove anos e que se
chamava José Barroso, uma figura inesquecível de fura-vidas a quem a própria
mulher chamava “o cherne”.
Na sua última
edição a prestigiada revista Der Spiegel parece ter iniciado as
devidas homenagens a Angela Merkel, que seguramente irão aparecer de muitos
lados, porque não é comum que alguém governe tanto tempo com o apoio do voto
popular.
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