sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Uma mulher inconseguida

Confesso que andei distraido e que foi preciso que alguém do outro lado do Atlântico me chamasse a atenção para o sucesso que está a ter o discurso de uma mulher  inconseguida, isto é, uma mulher que afirma que “o meu medo é o do inconseguimento”. Fui ao YouTube e lá estava a esdrúxula entrevista a declarar “o inconseguimento frustracional do soft power sagrado” e a sua afirmação de ter medo “do egoísmo que nos deixa de certo modo castrados em termos pessoais e nos deixa castrados em termos colectivos”.
Pois a ideia do inconseguimento é da autoria de uma senhora licenciada em Direito que, com esse diploma e o cartão do seu partido, tem levado uma vida de conforto à nossa custa e que vai muito para além dos seus eventuais méritos. Desde muito cedo militou nos comícios transmontanos de certeza de bandeirinha na mão. Muito jovem chegou a deputada e depois foi indicada pelo seu partido para juíza do Tribunal Constitucional, onde esteve até 1998. Aí se reformou com 42 anos de idade! Mas não parou e andou pelo Conselho da Europa e pelo Parlamento Europeu. Chegou a Presidente da Assembleia da República mas, pasme-se, não tem salário pois optou por continuar com a choruda reforma que vence desde há quase vinte anos. Que exemplo para quem trabalha ou para quem trabalhou! Pois é esta mulher que, de vez em quando, se destaca pelos ridículos disparates que diz e que são cada vez mais frequentes, a provocar a gargalhada geral e a envergonhar-nos enquanto segunda figura do Estado. Aqui há tempos inventariou os custos da eventual transladação de Eusébio para o Panteão Nacional e, agora, tomou posição sobre as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, ao lançar a ideia de abrir a porta ao mecenato para as custear. A senhora tem medo de inconseguimentos, mas o verdadeiro inconseguimento é ter esta senhora no lugar onde está, a falar desta maneira e a mostrar-se como se fosse assessora da troika ou das finanças. Que ridícula. Só nos faltava esta!

Carvalho, um português de sucesso

O Miami Herald é um importante diário que se publica em Miami desde 1903 e que tem no seu historial a atribuição de 20 Prémios Pulitzer, o maior galardão do jornalismo americano. Na sua edição de hoje, o jornal destaca em primeira página o seguinte título:
Carvalho named U.S.’ best schools leader.
O nome Carvalho chamou-me a atenção porque se devia tratar de um português e como estamos habituados a ver apenas o nome de Cristiano Ronaldo impresso nos jornais internacionais, não só li a notícia como também procurei saber mais sobre esse nosso compatriota.
Trata-se de Alberto M. Carvalho, um português nascido no Bairro Alto em Lisboa, que emigrou para os Estados Unidos em 1982, depois de completar os seus estudos secundários. Uma vez nos Estados Unidos começou por trabalhar em restaurantes e na construção civil mas estudou sempre, tendo obtido o grau de B.S. em Biology/Biomedical Sciences na Barry University e o grau de Master of Educational Leadership na Nova Southeastern University. Depois, foi professor numa escola secundária durante três anos, dando aulas de Física, Química e Biologia, mas rapidamente foi promovido a assistente de director de uma escola. Desempenhou outros cargos e em 2008 foi escolhido para o cargo de Superintendente das Escolas de Miami-Dade, o quarto maior sistema de educação dos Estados Unidos, gerindo 392 escolas com 350 mil estudantes que falam 56 línguas diferentes, além de 40 mil professores e outros profissionais. Em Dezembro de 2013 foi declarado o Florida’s 2014 Superintendent of the Year e, agora, foi eleito o 2014 National Superintendent of the Year entre os 49 superintendentes estaduais do país. O Miami Herald destacou Alberto Carvalho na sua primeira página, um português bem sucedido de 49 anos de idade!
Talvez o crato queira aprender com ele.