Nunca fui
aficionado nem entusiasta da festa brava,
ao contrário de muitos dos meus amigos que são verdadeiros apaixonados por essa
tradição cultural e são capazes de percorrer muitas centenas de quilómetros
para assistir a uma corrida de touros, tanto em Portugal como em Espanha.
Naturalmente, a festa brava que foi a paixão de Picasso
e de Hemingway, já conheceu tempos melhores em Portugal, pois os grupos de
defesa dos direitos dos animais e do bem-estar animal têm estado muito activos
na condenação da crueldade que envolve as actividades tauromáquicas, daí tendo
resultado que a televisão pública portuguesa deixou de transmitir touradas desde
2021, apesar dessas transmissões televisivas terem larga audiência. Porém,
goste-se ou não das touradas, enquanto espectáculos em que são lidados touros
bravos, a pé ou a cavalo, o facto é que elas são uma importante marca identitária
da cultura portuguesa, sobretudo em algumas regiões. Assim, contrariando os
grupos de pressão que se opõem às touradas, são conhecidos mais de cinco
dezenas de municípios portugueses que declararam a tauromaquia como Património
Cultural Imaterial, de acordo com os critérios definidos pela UNESCO.
Existem as
corridas de touros à portuguesa e à espanhola, mas enquanto as primeiras se
caracterizam pelas cortesias, pela lide a cavalo e pela pega do touro (um
prática iniciada em 1836 quando a rainha D. Maria II proibiu a morte dos touros
na arena), as corridas à espanhola geram entusiasmos indescritíveis e são
caracterizadas pela lide apeada e pela morte do touro.
Ontem foi a tarde
inaugural da temporada sevilhana em que “la fiesta resucita en la Maestranza”, a
mais antiga praça de touros espanhola. O Diario
de Sevilla publicou com grande destaque a notícia da corrida ontem realizada na Real
Maestranza de Sevilla em que actuou Julián López, El Juli, que “cortó dos
orejas, aunque los toros de Núñez del Cuvillo no estuvieron a la altura de la
cita”.