A ligação
histórica entre os reinos de Espanha e de Marrocos é muito antiga e muito
intensa, pois os marroquinos ocuparam o sul de Espanha durante vários séculos,
enquanto os espanhóis têm uma longa tradição de presença colonial em território
marroquino, de que ainda resta a sua soberania sobre as cidades de Ceuta e
Melilla, o que naturalmente não agrada aos marroquinos, tal como a presença
inglesa em Gibraltar não agrada aos espanhóis.
O reino de
Marrocos tornou-se independente em 1956 depois de ter sido tutelado pela França
e pela Espanha, tendo-se transformado num grande país, embora viva com o
complexo de ter um vizinho maior, mais populoso e mais rico. O seu soberano é
Mohammed VI que, com 57 anos de idade e 22 anos de poder, acumulou uma das
maiores fortunas do mundo e se mostra insaciável na acumulação de riqueza,
enquanto a população marroquina é muito pobre, há enormes desigualdades sociais
e a estabilidade social resulta de forte repressão política e policial.
O rico soberano
de Marrocos poderia ter outras aspirações para além de acumular fortuna, como
por exemplo a liderança do islamismo ou a sua pacificação com o ocidente, mas
de vez em quando parece querer desafiar a Espanha e a sua paciência. Antes foi
a ocupação da ilha de Perejil, um rochedo desabitado que se situa a poucos
metros da costa marroquina, agora foi a “invasão” de Ceuta por alguns milhares
de migrantes “contratados”. Como pano de fundo, estão Ceuta e Melilla, mas
também o Sara Ocidental, um território três vezes maior que Portugal e que a
Espanha ocupou até 1975, mas que as Nações Unidas não reconhecem como
território marroquino mas que é ocupado pelas tropas de Mohammed VI.
Hoje, o
jornal canário Diário de Avisos de Santa Cruz de Tenerife, publicou as
fotografias do rei de Marrocos e de Pedro Sánchez, dizendo que Marrocos e a
Espanha esticam a corda pelo Sara Ocidental. A capa do jornal bem pode valer
mais do que mil palavras…