sexta-feira, 3 de abril de 2020

Crise e desemprego ameaçam a América


A imprensa norte-americana destaca hoje que, em apenas duas semanas, o país criou dez milhões de desempregados, como consequência da crise do covid-19, numa altura em que os Estados Unidos já são o país do mundo com mais infectados e em que ainda se desconhece o que ainda está para vir. 
O jornal New York Post ilustrou a sua primeira página com um apelo de alguém que empunha um cartaz com a frase “out of work” e em que o chapéu do tio Sam, que tantas vezes tem simbolizado o poder americano, está abandonado sobre uma mesa, significando que se aproximam dias muito difíceis para os Estados Unidos e para os seus desempregados. 
O país parece caminhar a passos largos para uma situação de calamidade económica e social, como só aconteceu na grande depressão de 1929. É certo que, em maior ou menor escala, o cenário americano não difere dos cenários que se desenham em alguns países europeus, mas na depressão americana que se avizinha, a arrogância e a ignorância do presidente Trump tiveram um papel determinante ao desvalorizar a aproximação da pandemia e ao imaginar que os seus efeitos sanitários e económicos não chegariam à América. Daí resultou um atraso na resposta à pandemia e aos alarmantes números a que já se chegou – 274.987 infectados e 7.065 mortes – que estão a conduzir o presidente dos Estados Unidos para um descrédito interno e de irresponsabilidade de que dificilmente sairá.