domingo, 17 de julho de 2022

Grandes naus, grandes tormentas!

Ao presidente dos Estados Unidos pode aplicar-se, com grande a propósito, o provérbio português “grande nau, grande tormenta”, porque são enormes os problemas internos e externos do complexo militar-industrial americano ou da mais poderosa nação do mundo. Nos últimos tempos, os Estados Unidos têm sido confrontados com a guerra no centro da Europa, com o constante interesse chinês pelo controlo do mar da China, com a perda da sua tradicional hegemonia na América Latina e, obviamente, com o problema do Médio Oriente.
O Médio Oriente é uma área muito sensível devido à conflitualidade israelo-árabe e às tensões que foram reveladas na guerra da Síria, sobretudo entre o Irão e a Arábia Saudita, pelo que os Estados Unidos tiveram necessidade de restabelecer ou reforçar as suas alianças, num tempo de agravamento dos preços do petróleo e de eventual crescimento da hostilidade iraniana. Daí a primeira visita do presidente Joe Biden a Israel, aos territórios palestinianos e à Arábia Saudita, que é um grande produtor de petróleo, o maior comprador de armamento aos Estados Unidos e o exemplo universal de desrespeito pelos direitos humanos. Porém, Joe Biden tinha acusado a Arábia Saudita do assassínio de um jornalista dissidente saudita e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman de ser um pária e o mandante desse assassínio, o que fez arrefecer as relações entre os dois países. O aumento dos preços do petróleo convenceu Joe Biden, que se esqueceu de tudo o que disse antes e que, apenas quatro semanas antes da visita, tinha afirmado que não se encontraria com o príncipe herdeiro saudita. 
Hoje, a edição do The Wall Street Journal e outros jornais americanos, publicam a fotografia de Joe Biden a cumprimentar Mohammed bin Salman. Assim vai a política internacional! Há quem chame a isto a realpolitik, mas parece que tudo isto acontece devido à mediocridade de muitos líderes mundiais.