quinta-feira, 1 de junho de 2023

A guerra já chegou ao coração da Rússia

A guerra na Ucrânia começou com a invasão russa de 24 de Fevereiro de 2022 e já dura há 462 dias, com muitas mortes, muitos refugiados e muitas destruições. Custa a acreditar como é possível que nenhuma diplomacia consiga parar aquela tragédia! A percepção que temos do que se passa e dos combates que afectam milhões de ucranianos, resulta do que nos é transmitido pela comunicação social interna e internacional, pelos inúmeros comentadores e opinion makers que tanto dizem uma coisa como o seu contrário, daí resultando uma enorme ignorância sobre o que realmente se passa no terreno e sobre as hipóteses de parar com esta desgraça.
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, tendo-se tornado independente em 1991 depois do colapso da União Soviética. Seguiu-se um período de grande instabilidade e tensão entre ucranianos pro-Europa e ucranianos pro-Rússia, até que em 2014 a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia e passou a apoiar as forças independentistas pró-russas de alguns territórios do Donbas, que lutavam contra o exército ucraniano e proclamaram as regiões administrativas de Lugansk e Donetsk, como repúblicas populares independentes. Foi nesse contexto que em 2022 foi iniciada a invasão russa da Ucrânia.
Como é natural, há quem apoie a Ucrânia e exija que os russos abandonem os territórios que ocuparam militarmente com a invasão, há quem compreenda que os russos foram provocados e que tinham o dever de proteger as populações ucranianas de etnia russa, mas também há muita gente que aspira a que se chegue a um cessar-fogo e a negociações de paz. Porém, a guerra tende a intensificar-se e as notícias referem cada vez mais soldados, mais armas e mais combates. Não se vê quem esteja em vantagem e todos estão a perder. Agora acentua-se a pressão russa sobre a cidade de Kiev e, numa lógica de “acção e reacção”, a cidade de Moscovo foi alvo de um ataque de drones. Em 15 meses de guerra nunca a capital russa, situada a mil quilómetros das fronteiras ucranianas, tinha sofrido um ataque desta natureza. Um comentador afirmou que “sem dúvida, o ataque de drones de hoje em Moscovo é uma resposta aos 17 ataques com drones e mísseis da Rússia contra Kiev ao longo deste mês”.
A fotografia publicada pelo The Washington Post e muitos outros jornais internacionais mostra os efeitos da explosão de um drone num edifício de Moscovo, um facto que pode significar uma maior escalada na guerra e um maior afastamento da ansiada paz. Como referia um jornal português “a guerra chegou ao coração da Rússia com o ataque de drones a Moscovo”.