A indiferença do irresponsável
e perigoso belicismo de Macron e de Ursula von der Leyen, que ontem aqui foi denunciado, bem como os seus silêncios sobre o que se passa na Faixa de Gaza e a não condenação de Israel pela sua desproporcionada violência e desumanidade,
teve ontem mais um doloroso episódio. Segundo relata, na sua edição de hoje, o
jornal inglês The Guardian, um numeroso grupo de palestinianos famintos e
desesperados, aglomerou-se em torno dos camiões de ajuda humanitária recém-chegados
à periferia da cidade de Gaza, na esperança de conseguir comida. Naturalmente,
a situação deve ter-se tornado caótica e, impressionadas pela confusão a que
assistiam, as tropas israelitas decidiram intervir e abriram fogo sobre os civis
palestinianos que, em pânico, começaram a fugir, tendo muitas deles sido
atropelados pelos camiões ou espezinhados pela multidão. Como consequência dos tiros e dos atropelamentos terão morrido 112 pessoas e mais
de 760 ficaram feridas neste incidente, que foi considerado como um dos mais
mortíferos desde o início da guerra em Gaza. Embora estes números não tenham
sido confirmados de forma independente, um porta-voz israelita limitou-se a
afirmar que “foi uma resposta limitada”.
O facto é que foi mais uma grande
tragédia e, de imediato, vários países juntaram-se às Nações Unidas para
repudiar este episódio e para exigir uma investigação independente, com os
países árabes à cabeça, nomeadamente a Turquia, que salientou que se tratou de
“mais um crime contra a Humanidade”.
Exceptuando o
jornal The Guardian, a generalidade da imprensa europeia não noticiou
ou não deu destaque a este grave incidente, nem são conhecidas quaisquer
declarações relevantes de líderes europeus sobre este caso, isto é, continua a haver muita cumplicidade da Europa que não condena os excessos israelitas.