sexta-feira, 1 de março de 2024

Israel e a cumplicidade da Europa

A indiferença do irresponsável e perigoso belicismo de Macron e de Ursula von der Leyen, que ontem aqui foi denunciado, bem como os seus silêncios sobre o que se passa na Faixa de Gaza e a não condenação de Israel pela sua desproporcionada violência e desumanidade, teve ontem mais um doloroso episódio. Segundo relata, na sua edição de hoje, o jornal inglês The Guardian, um numeroso grupo de palestinianos famintos e desesperados, aglomerou-se em torno dos camiões de ajuda humanitária recém-chegados à periferia da cidade de Gaza, na esperança de conseguir comida. Naturalmente, a situação deve ter-se tornado caótica e, impressionadas pela confusão a que assistiam, as tropas israelitas decidiram intervir e abriram fogo sobre os civis palestinianos que, em pânico, começaram a fugir, tendo muitas deles sido atropelados pelos camiões ou espezinhados pela multidão. Como consequência dos tiros e dos atropelamentos terão morrido 112 pessoas e mais de 760 ficaram feridas neste incidente, que foi considerado como um dos mais mortíferos desde o início da guerra em Gaza. Embora estes números não tenham sido confirmados de forma independente, um porta-voz israelita limitou-se a afirmar que “foi uma resposta limitada”.
O facto é que foi mais uma grande tragédia e, de imediato, vários países juntaram-se às Nações Unidas para repudiar este episódio e para exigir uma investigação independente, com os países árabes à cabeça, nomeadamente a Turquia, que salientou que se tratou de “mais um crime contra a Humanidade”.
Exceptuando o jornal The Guardian, a generalidade da imprensa europeia não noticiou ou não deu destaque a este grave incidente, nem são conhecidas quaisquer declarações relevantes de líderes europeus sobre este caso, isto é, continua a haver muita cumplicidade da Europa que não condena os excessos israelitas. 

1 comentário:

  1. Absolutamente incompreensível a sobreposição dos interesses materiais e pessoais de uns tantos dirigentes deste mundo e completo desinteresse de outros, com muito cinismo à mistura, em relação à criminosa tragédia que milhões de seres humanos estão a sofrer diariamente. Os vendedores de armas estão-se nas tintas para os (pseudo?) defensores da paz, que quantas vezes são os mesmos.
    Arrepia, ao pensar em quem não sabe onde hoje vai dormir, onde amanhã encontrar algo para comer para si ou para os seus, onde encontrar um agente da saúde.

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