quinta-feira, 17 de março de 2016

Brasil: grande nau, grande tormenta

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O Brasil está a passar por uma situação política e social muito complexa, com uma enorme contestação ao governo da Presidente Dilma Rousseff, mas também à classe política brasileira e à generalidade das instituições. Os acontecimentos estão a suceder-se com grande rapidez e todos os dias há novas revelações a tornar mais difícil a resolução da crise. No passado dia 13 de Março, um imenso protesto nacional veio à rua pela voz de milhões de brasileiros a mostrar a sua indignação pela corrupção que está a minar a confiança no sistema político e a coesão nacional, mas também a insatisfação pela má qualidade dos serviços públicos, incluindo a saúde, a educação, os transportes e a segurança pública, entre outros. A cidade de S. Paulo está a ser o centro da contestação e milhões de pessoas vieram à rua, como documenta o jornal O Estado de S. Paulo. Nas ruas, o povo exigiu o impeachment da Presidente da República, isto é, o seu impedimento para governar nos termos constitucionais, com base na gravidade de supostas irregularidades políticas e administrativas de que é acusada. Ontem, o ex-Presidente Lula da Silva aceitou integrar o governo, não sendo claro se o objectivo é apoiar Dilma Roussef e reforçar o governo com a popularidade que ainda conserva, ou se é apenas para poder beneficiar de uma imunidade que o liberte de acusações de envolvimento passivo ou activo em actos de corrupção.
O Brasil é uma grande nau. Ora, grande nau grande tormenta, como se costuma dizer.
O Brasil tem passado por um ciclo de grande euforia que lhe deu um estatuto internacional de potência emergente. O seu potencial económico revelou-se e deu origem a profundas transformações sociais que criaram uma exigente classe média e reduziram a pobreza, mas não procederam às reformas necessárias num país que é o quinto maior do planeta, com 200 milhões de habitantes, uma enorme diversidade cultural e com mais de cinco mil municípios.
O que se deseja é que os brasileiros encontrem rapidamente as melhores soluções para os seus problemas, porque ninguém, sobretudo no grande espaço que é a Lusofonia, quer ver o Brasil a ser dominado pela crise política, pela corrupção, pela incerteza ou pela recessão económica.