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O Brasil está a
passar por uma situação política e social muito complexa, com uma enorme
contestação ao governo da Presidente Dilma Rousseff, mas também à classe
política brasileira e à generalidade das instituições. Os acontecimentos estão
a suceder-se com grande rapidez e todos os dias há novas revelações a tornar
mais difícil a resolução da crise. No passado dia 13 de Março, um imenso
protesto nacional veio à rua pela voz de milhões de brasileiros a mostrar a sua
indignação pela corrupção que está a minar a confiança no sistema político e a
coesão nacional, mas também a insatisfação pela má qualidade dos serviços
públicos, incluindo a saúde, a educação, os transportes e a segurança pública,
entre outros. A cidade de S. Paulo está a ser o centro da contestação e milhões
de pessoas vieram à rua, como documenta o jornal O Estado de S. Paulo. Nas
ruas, o povo exigiu o impeachment da
Presidente da República, isto é, o seu impedimento para governar nos termos
constitucionais, com base na gravidade de supostas irregularidades políticas e
administrativas de que é acusada. Ontem, o ex-Presidente Lula da Silva aceitou
integrar o governo, não sendo claro se o objectivo é apoiar Dilma Roussef e
reforçar o governo com a popularidade que ainda conserva, ou se é apenas para poder
beneficiar de uma imunidade que o liberte de acusações de envolvimento passivo
ou activo em actos de corrupção.
O Brasil é uma
grande nau. Ora, grande nau grande tormenta, como se costuma dizer.
O Brasil tem
passado por um ciclo de grande euforia que lhe deu um estatuto internacional de
potência emergente. O seu potencial económico revelou-se e deu origem a profundas
transformações sociais que criaram uma exigente classe média e reduziram a
pobreza, mas não procederam às reformas necessárias num país que é o quinto
maior do planeta, com 200 milhões de habitantes, uma enorme diversidade
cultural e com mais de cinco mil municípios.
O que se deseja é
que os brasileiros encontrem rapidamente as melhores soluções para os seus
problemas, porque ninguém, sobretudo no grande espaço que é a Lusofonia, quer ver o Brasil a ser dominado pela crise política, pela corrupção, pela incerteza ou
pela recessão económica.
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