quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O extraordinário poder do futebol

A onda de terror que alastrou pela generalidade dos países europeus tem provocado diferentes tipos de reacção, umas centradas nas capacidades de resistência ao medo e outras que exactamente se refugiam no medo.
O facto é que os massacres de Paris trouxeram para a actualidade os atentados terroristas que atacam as pessoas independentemente das suas nacionalidades, confissões religiosas ou comportamentos sociais ou políticos. Ninguém está a salvo destas situações. Alguns dos terroristas são cidadãos dos países atacados que aderiram ao jihadismo e alguns até são luso-descendentes. Assim, perante a ameaça, crescem os nacionalismos autoritários, provoca-se a desunião dos países, crescem os receios pela entrada de refugiados, aumentam as pressões para limitar a circulação das pessoas no espaço comunitário e o medo instala-se. O futebol que tanta controvérsia gera, mas que tanto entusiasmo suscita, deu ontem uma grande lição ao mundo. Depois do cancelamento do jogo Bélgica – Espanha em Bruxelas e do jogo Alemanha – Holanda em Hanover, ontem a Inglaterra e a França decidiram desafiar o medo e, no mítico estádio de Wembley, prestar uma sentida homenagem às vítimas dos atentados de Paris. Nos últimos dias, os ingleses foram encorajados a aprender a letra de A Marselhesa, para que ela fosse cantada antes do início do jogo, não só pelos cidadãos franceses, mas por todos os espectadores. Os ecrãs gigantes no estádio ajudaram. E foi depois do God Save The Queen que surgiram as palavras de A Marselhesa e os seus acordes se fizeram ouvir. O estádio de Wembley estava vestido de azul, branco e vermelho, exibia muitas bandeiras e 90 mil pessoas cantaram o hino francês, mostrando uma Inglaterra unida à dor da França, como poucos imaginariam.
O futebol tem destas coisas extraordinárias!

Há uma nova aliança a intervir na Síria

A primeira página da edição de ontem do New York Post remete-nos para um tempo de guerra, com imagens dos aviões franceses a sair das suas bases nos Emirados Árabes Unidos e na Jordânia para um ataque nocturno às principais infraestruturas de comando do Estado Islâmico (ISIS), localizadas na cidade de Raqqa, no norte da Síria. Ao reivindicar as criminosas acções que foram os atentados de Paris que fizeram 129 mortos e o derrube do avião russo que se despenhou no Sinai matando 224 pessoas, o ISIS conseguiu unir Putin e Hollande e fazer com que os poderes aéreos francês e russo também se unissem na sua determinação de cooperar na sua luta contra o inimigo comum. Os Mirage e os Rafale franceses juntaram-se à missão russa que nos 48 dias que já leva de operações na Síria efectuou 2300 saídas e que vai ser reforçada com mais 37 novos aviões, que se somam às 50 aeronaves já destacadas para aquele teatro de guerra.
Entretanto os Estados Unidos e o Reino Unido parecem expectantes quanto ao seu papel, mas não rejeitam a hipótese de se juntar à aliança franco-russa que está a actuar no terreno, depois de terem percebido que o seu principal inimigo na região não é Bashar al-Assad. Até a Turquia, que era tão crítica da Rússia no seu apoio a Assad, parece ter acordado e ter autorizado que os mísseis de cruzeiro russos lançados do mar Cáspio atravessassem o seu território.
Provavelmente, já toda a gente tinha visto o que devia ser feito, mas o facto é que foram precisas as tragédias de Paris e do Sinai para que os mais afectados se unissem. Veremos o que vão fazer Obama e Cameron.