A onda de terror
que alastrou pela generalidade dos países europeus tem provocado diferentes
tipos de reacção, umas centradas nas capacidades de resistência ao medo e
outras que exactamente se refugiam no medo.
O facto é que os
massacres de Paris trouxeram para a actualidade os atentados terroristas que
atacam as pessoas independentemente das suas nacionalidades, confissões
religiosas ou comportamentos sociais ou políticos. Ninguém está a salvo destas
situações. Alguns dos terroristas são cidadãos dos países atacados que aderiram
ao jihadismo e alguns até são luso-descendentes. Assim, perante a ameaça,
crescem os nacionalismos autoritários, provoca-se a desunião dos países,
crescem os receios pela entrada de refugiados, aumentam as pressões para
limitar a circulação das pessoas no espaço comunitário e o medo instala-se. O
futebol que tanta controvérsia gera, mas que tanto entusiasmo suscita, deu
ontem uma grande lição ao mundo. Depois do cancelamento do jogo Bélgica –
Espanha em Bruxelas e do jogo Alemanha – Holanda em Hanover, ontem a Inglaterra
e a França decidiram desafiar o medo e, no mítico estádio de Wembley, prestar
uma sentida homenagem às vítimas dos atentados de
Paris. Nos últimos dias, os ingleses foram
encorajados a aprender a letra de A Marselhesa, para que ela fosse
cantada antes do início do jogo, não só pelos cidadãos franceses, mas por todos
os espectadores. Os ecrãs gigantes no estádio ajudaram. E foi depois do God
Save The Queen que surgiram as palavras de A Marselhesa e os seus
acordes se fizeram ouvir. O estádio de Wembley estava vestido de azul, branco e
vermelho, exibia muitas bandeiras e 90 mil pessoas cantaram o hino francês, mostrando
uma Inglaterra unida à dor da França, como poucos imaginariam.
O futebol tem
destas coisas extraordinárias!
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