Nas eleições de 4
de Outubro o povo votou e houve 62% de eleitores que rejeitaram o governo de
Passos e Portas. Apesar disso, o ainda Presidente da República indigitou Passos
para formar um novo governo por ter sido o partido mais votado nas eleições. Ele
tratou de juntar uns amigos e apareceu com eles na Assembleia da República, mas
esta rejeitou o programa de governo apresentado por 123 votos e o governo caiu.
O passo seguinte deveria ser a indigitação de um novo Primeiro-ministro. Apesar
das evidências democráticas e constitucionais, o Presidente ainda não o faz e
com esse atraso está a prejudicar seriamente o país e a deixar alastrar dúvidas
e incertezas interna e externamente. É exactamente assim: temos um Presidente
que objectivamente anda a perturbar a nossa vida política, a arrastar decisões,
a perder tempo, a cansar-nos. Mais grave ainda, ele está a comportar-se como o
líder da oposição ao sentimento maioritário do povo e parece querer manter
Passos e Portas no poder a qualquer custo. Ele que em tempos se arrogou ser uma
pessoa que não tem dúvidas e que raramente se engana, com a sua habitual
arrogância tinha-nos dito, que tinha estudado todos os cenários. Afinal não os
tinha estudado e, atrapalhadamente, anda à procura de soluções. Tem ouvido
associações patronais, incluindo a importantíssima CAP, tem ouvido empresários,
tem ouvido essa impoluta classe que são os banqueiros e hoje irá ouvir sete
economistas, mas o jornal i diz que todos eles são contra o
governo PS. Porquê esta obcessão por ouvir aqueles cuja opinião ele já conhece?
Alguém escreveu
que Cavaco "vai receber os ferreiros, os correeiros, os ferradores, os electricistas, os estivadores, os pantomineiros, os calceteiros, os cauteleiros, os enfermeiros, os engenheiros, os tanoeiros, os pescadores, os cabos-de-mar e todos os outros que estejam disponíveis para dizerem umas baboseiras à saída". Faltarão os nadadores-salvadores e os bombeiros. Está bem visto. Para
quê toda esta encenação e que sentido tem tudo isto? Que fim de mandato tão
triste e tão lamentável, quando só faltam 64 dias!
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