A edição de 4 de Agosto do jornal Público apresenta uma fotografia a toda a largura da primeira página do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak e destaca a seguinte legenda:
O velho faraó foi a tribunal, para espanto dos egípcios e aviso aos ditadores. A televisão mostrou-o ao povo, numa maca e atrás das grades.
Mubarak renunciou à presidência egípcia no dia 11 de Fevereiro, encontra-se em prisão preventiva desde 13 de Abril no hospital de Sharm-el-Cheik, acusado por abuso de poder e enriquecimento ilícito e, aparentemente, no dia 17 de Maio renunciou a todos os seus bens numa tentativa para ser posto em liberdade. Agora, menos de seis meses depois da sua renúncia, foi presente a tribunal e foi mostrado atrás das grades.
Durante anos, Mubarak foi elogiado no ocidente por ter assegurado o diálogo com Israel, mas a justiça egípcia limita-se a fazer o seu trabalho e, para quem não conhece o que se passou no Egipto, como é o meu caso, apenas se pode esperar que os tribunais sejam justos e céleres.
Ora é isso que me faz pensar em tantos longos processos que em Portugal se arrastam no tempo e a “desejar” que o exemplo da celeridade da justiça egípcia chegue a Portugal. O mau exemplo do julgamento do processo Casa Pia, que demorou quase oito anos, não pode repetir-se. As gigantescas fraudes do BPN são um caso de polícia e de má supervisão que fizeram evaporar 9.700 milhões de euros, conforme foi agora revelado na Assembleia da República. A justiça portuguesa tem que actuar com justiça e celeridade. Como no Egipto.
Sem contemplações, no Egipto as televisões mostram Mubarak atrás das grades e nos Estados Unidos mostraram DSK algemado. Aqui, os responsáveis do BPN são mostrados nas suas mansões, nas praias ou nas suas aparições sociais. E a nossa Comunicação Social e os nossos jornalistas assobiam para o lado...
Nota: No dia 12 de Maio o tema da justiça egípcia já aqui fora tratado.