quarta-feira, 5 de junho de 2024

Modi ganhou na India, mas perdeu força

As eleições na Índia, que é o país mais populoso do mundo e que, por vezes, também é classificado como a maior democracia do mundo, terminaram ao fim de 44 dias e os resultados foram finalmente anunciados: Narendra Modi e o seu Bharatiya Janata Party (BJP) ganharam e vão iniciar um terceiro mandato. Votaram 642 milhões de pessoas, cerca de 66% dos 970 milhões de eleitores inscritos, distribuídos por 29 estados federados e sete Union Territories, isto é, territórios directamente dependentes do governo federal instalado em Nova Delhi.
O Lok Sabha, ou Parlamento Nacional, tem 543 assentos, pelo que a maioria parlamentar se consegue com 272 assentos. A Aliança Democrática Nacional (NDA), uma coligação do BJP com outros partidos menores conseguiu 291 assentos. Porém, Narendra Modi e o BJP conseguiram apenas 240 assentos, um resultado pior do que tinham obtido em 2014 (282 assentos) e em 2019 (303 assentos), o que significa que terão que negociar com os seus aliados regionais para governar, uma vez que perderam a maioria absoluta com que governaram nos últimos dez anos, embora o nacionalismo hindu se mantenha no poder. Do lado da oposição, continua o sentimento de orfandade pela falta de Nehru e dos seus descendentes, embora tenha havido alguma recuperação. A coligação Aliança Nacional para o Desenvolvimento Inclusivo da India (INDIA) elegeu 234 deputados, dos quais 99 do Indian National Congress (INC), um dos quais é Rahul Gandhi, bisneto de Nehru.
Estes números são indicados na edição de hoje do jornal O Heraldo, que se publica em Goa, cuja primeira página contém muita publicidade, incluindo uma notícia necrológica relativa a Felicia Cardoz, um nome com evidente conotação portuguesa.
Como curiosidade regista-se que o estado de Goa escolheu um deputado do BJP (North Goa) e um deputado do INC (South Goa) e que o Union Territory of Dadra & Nagar Haveli and Daman & Diu escolheu o candidato do BJP.


Os 500 anos do nascimento de Camões

Luís de Camões nasceu em Lisboa em 1524 e é considerado o maior poeta português por ter escrito “Os Lusíadas”, a obra maior da literatura portuguesa. No mês de maio do ano de 2021, quando se aproximava a celebração dos 500 anos sobre essa efeméride, o governo lembrou esse acontecimento e tratou de aprovar uma Resolução do Conselho de Ministros que determinou a realização das Comemorações do Quinto Centenário do Nascimento de Luís de Camões, tendo nomeado uma comissária e definido a criação de uma estrutura de missão e de diversas comissões.
Porém, nada disto parece ter avançado, à excepção da escolha da comissária, ou seja, passaram-se três anos em que Pedro Adão e Silva andou distraido. Agora que há um novo governo, através da Resolução nº 69/2024, de 3 de junho, o Conselho de Ministros criou a estrutura de missão responsável pelas Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, com o objectivo de celebrar o seu contributo para a história da literatura e da língua portuguesas, a terem lugar durante dois anos, a partir de 10 de junho de 2024.
Esta distracção do XXIV Governo Constitucional foi emendada pelo actual governo e não terá prejudicado as iniciativas da sociedade civil, muitas delas já em curso, por exemplo na Universidade de Coimbra, na Biblioteca Nacional, no Arquivo Nacional Torre do Tombo, no Instituto Camões, na Câmara Municipal de Lisboa, em diversos municípios, escolas e até no estrangeiro. Destaca-se, entretanto, a iniciativa do JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, cuja edição mais recente é uma “edição comemorativa dos 500 anos de Luís de Camões”, que se saúda e cuja leitura se recomenda
De resto, deseja-se que estas comemorações sirvam sobretudo para proteger e internacionalizar a língua portuguesa!