sábado, 11 de setembro de 2021

O trágico 9/11 e os traumas da América

Perfazem-se hoje vinte anos sobre a data em que ocorreram os ataques terroristas aos Estados Unidos, dirigidos às Torres Gémeas de Nova Iorque e ao Pentágono em Washington, tendo havido um outro avião que se despenhou em Shanksville, na Pensilvânia. Quatro aviões comerciais foram transformados em mísseis humanos tripulados por dezanove fanáticos militantes da al-Qaeda e daí resultou a morte de 2996 pessoas, das quais 2977 eram inocentes.
O mundo nunca mais foi como antes e a vida dos cidadãos tornou-se mais imprevista e menos segura. A paz e a prosperidade ficaram cada vez mais ameaçadas por acções terroristas, mas também pelas alterações climáticas, pelos efeitos do fanatismo religioso e pela desigualdade entre os seres humanos.
Nessa mesma noite de 11 de Setembro de 2001, o presidente George W. Bush discursou ao mundo para anunciar a determinação americana na perseguição dos terroristas e de quem os apoiava. Menos de um mês depois iniciava-se a ocupação militar do Afeganistão, liderada pelos americanos e com a participação de 46 países aliados, tendo os talibans sido afastados do poder. Porém, Osama bin Laden, o inspirador das acções terroristas contra os Estados Unidos, só veio a ser morto em Junho de 2011, numa altura em que a presença militar estrangeira no Afeganistão parecia não ter fim, tendo-se de facto prolongado por mais dez anos.
Os últimos vinte anos mostraram que o mundo está cada vez mais dividido e que os Estados Unidos deixaram de ser o polícia do mundo, pois as suas aventuras militares, antes no Iraque e depois no Afeganistão, foram duas armadilhas, dois brutais enterros de dinheiro e duas desprestigiantes derrotas. Uma boa parte do caminho para o apaziguamento mundial depende da forma como os Estados Unidos possam ultrapassar os traumas que perseguem o país desde o 11 de Setembro, mas há quem duvide da possibilidade de ultrapassar a contradição americana entre a sua vanguarda tecnológica, económica e cultural, e a outra parte da população pobre, ignorante, desinformada e que até vota em Trump. 
De facto, o principal problema da América é a própria América.