Perfazem-se hoje
vinte anos sobre a data em que ocorreram os ataques terroristas aos Estados
Unidos, dirigidos às Torres Gémeas de Nova Iorque e ao Pentágono em Washington,
tendo havido um outro avião que se despenhou em Shanksville, na Pensilvânia. Quatro
aviões comerciais foram transformados em mísseis humanos tripulados por dezanove
fanáticos militantes da al-Qaeda e daí resultou a morte de 2996 pessoas, das
quais 2977 eram inocentes.
O mundo nunca
mais foi como antes e a vida dos cidadãos tornou-se mais imprevista e menos
segura. A paz e a prosperidade ficaram cada vez mais ameaçadas por acções
terroristas, mas também pelas alterações climáticas, pelos efeitos do fanatismo
religioso e pela desigualdade entre os seres humanos.
Nessa mesma noite
de 11 de Setembro de 2001, o presidente George W. Bush discursou ao mundo para
anunciar a determinação americana na perseguição dos terroristas e de quem os
apoiava. Menos de um mês depois iniciava-se a ocupação militar do Afeganistão, liderada
pelos americanos e com a participação de 46 países aliados, tendo os talibans
sido afastados do poder. Porém, Osama bin Laden, o inspirador das acções
terroristas contra os Estados Unidos, só veio a ser morto em Junho de 2011,
numa altura em que a presença militar estrangeira no Afeganistão parecia não
ter fim, tendo-se de facto prolongado por mais dez anos.
Os últimos vinte
anos mostraram que o mundo está cada vez mais dividido e que os Estados Unidos
deixaram de ser o polícia do mundo, pois as suas aventuras militares, antes no
Iraque e depois no Afeganistão, foram duas armadilhas, dois brutais enterros de
dinheiro e duas desprestigiantes derrotas. Uma boa parte do caminho para o
apaziguamento mundial depende da forma como os Estados Unidos possam ultrapassar
os traumas que perseguem o país desde o 11 de Setembro, mas há quem duvide da possibilidade
de ultrapassar a contradição americana entre a sua vanguarda tecnológica, económica
e cultural, e a outra parte da população pobre, ignorante, desinformada e que
até vota em Trump.
De facto, o principal problema da América é a própria América.