Ontem foi o Republic Day, um feriado nacional que na
República da Índia celebra o dia 26 de Janeiro de 1950, a data em que entrou em
vigor a Constituição e o novo país se tornou realmente independente do Reino
Unido.
A independência
da Índia tinha sido declarada ao mundo por Jawaharlal Nehru às primeiras horas do
dia 15 de Agosto de 1947 e o seu discurso dessa madrugada inspirou o título do
mais famoso livro sobre a conturbada independência da Índia, escrito por
Dominique Lapierre e Larry Collins: Freedom
at midnight. Foi então necessário redigir e aprovar um texto constitucional
que substituísse a legislação colonial britânica que estava em uso e essa nova Constituição
entrou em vigor no dia 26 de Janeiro de 1950. Essa data passou a ser o Dia da
República que todos os anos é assinalada com “pompa e circunstância”, como
nenhuma outra festa nacional indiana, destacando-se nessas celebrações a
grandiosa India’s Republic Day Parade
que se realiza em Nova Delhi, sempre com a presença de um Chief Guest ou
Convidado de Honra, que em 1992 foi Mário Soares.
Apesar da
pandemia, a parada foi uma vez mais espectacular, não tanto pela apresentação de
sofisticadas armas como se podem ver nas paradas de Moscovo, Beijing ou
Pyongyang, mas pelo colorido e pelo exotismo dos fardamentos dos militares que
participam no interminável desfile de batalhões das forças de terra, mar e ar
indianas. Este ano a India’s Republic Day
Parade foi ofuscada por milhares de agricultores indianos que foram a Nova
Delhi protestar contra as reformas levadas a efeito pelo governo, rompendo
barricadas, enfrentando a polícia e escalando as paredes do simbólico Red Fort
de New Delhi. Segundo refere a imprensa, Rahul Gandhi e Pryanka Gandhi Vadra, os
líderes do Partido do Congresso actualmente na Oposição, juntaram-se ao protesto
em solidariedade com os agricultores. Acontece que estes dois dirigentes são
bisnetos de Jawaharlal Nehru, netos de Indira Ghandi e filhos de Rajiv Ghandi e
Sonia Gandhi, isto é, pertencem à mais importante família de políticos indianos...
e, diz o destino, que um dia serão primeiros-ministros da Índia, tal como o pai, a avó
e o bisavô.