sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O caso Prestige: um crime sem castigo

No dia 13 de Novembro de 2002, durante uma tempestade ao largo da costa da Galiza, abriu-se um dos tanques do navio petroleiro Prestige devido a problemas de corrosão, de que resultou o derrame de cerca de cinco milhares de toneladas de fuel-oil. As autoridades espanholas não terão avaliado correctamente o problema e decidiram que o navio fosse rebocado para longe da costa espanhola. Porém, na manhã do dia 19, o navio partiu-se em dois e verteu 22 mil toneladas de fuel numa profundidade de cerca de quatro mil metros, tendo o resto da carga de 50 mil toneladas de combustível pesado sido derramado e contaminado milhares de quilómetros da costa do litoral espanhol, mas também francês e português. A tragédia emocionou o mundo e provocou uma mobilização de mais de 300 mil voluntários, vindos de toda Europa que participaram nas operações de limpeza das praias e das rochas empestadas pela maré negra nas costas da Galiza. Foi uma catástrofe ambiental de enormes proporções, tendo havido grandes prejuízos para a pesca artesanal e para a aquacultura galegas, para além de terem sido afectadas 25 reservas protegidas e morrido muitas dezenas de milhar de aves. Em termos financeiros, foi calculado um prejuízo de quatro mil milhões de euros.
Dez anos depois começou o julgamento para se saber quem foi o responsável pela maré negra provocada pelo naufrágio do Prestige: o armador que tinha um navio liberiano com pavilhão das Bahamas sem as condições de segurança apropriadas, ou o comandante grego que não resguardou o navio da tormenta ou as autoridades espanholas que exigiram que o navio se afastasse da costa quando o deveriam ter socorrido imediatamente para evitar que naufragasse e derramasse a sua carga. As investigaçőes judiciais e o julgamento realizado na Corunha que agora terminou, não chegaram a apurar um responsável directo por este acidente, pelo que foram ilibados todos os que estavam acusados pela maior catástrofe ambiental acontecida em Espanha. Naturalmente, houve reacções de protesto em Espanha e até mesmo em França.

Um crescimento económico muito ilusório

Foi uma boa notícia em que se anuncia que no 3º trimestre do ano o produto cresceu 0,2% e que, em dois trimestres consecutivos, a economia nacional tivera crescimento e saíra da recessão. Este crescimento do produto junta-se à diminuição da taxa de desemprego, ao aumento do índice de produção industrial, à descida das taxas de juro da dívida soberana e à continuação do crescimento das exportações, para fundamentar esperanças em dias melhores. Foi, portanto, uma notícia animadora mas que não justifica alguns discursos de euforia que já foram produzidos pelas cassettes do costume. Como referiu uma antiga ministra das Finanças, tínhamos 40 graus de febre e agora passamos a ter 39.8 graus, ou seja, não saimos da crise e continuamos doentes. A análise deste crescimento da economia há-de mostrar que estes resultados se devem ao aumento das exportações e, em especial, ao bom comportamento do turismo, mas também a alguma recuperação da procura interna. Por isso, estamos sob o efeito de uma sazonalidade positiva, mas o que aí vem é muito preocupante. O investimento continua sem recuperar e a nova onda de austeridade e de cortes no rendimento disponível das famílias que está anunciada para o próximo ano, é muito severa. A oposição não foi escutada e até os deputados do maior partido da maioria que ainda quiseram que fossem aplicadas taxas sobre as PPP e sobre alguns sectores como as telecomunicações e a grande distribuição para atenuar os efeitos económicos recessivos, não foram ouvidos. Se houvesse dúvidas quanto à forma como os nossos governantes se deixam humilhar e obedecem aos diktats e à cegueira da troika, ficaram desfeitas nas últimas horas. Por tudo isso, um crescimento de 0,2% do PIB não passa de uma ilusão. Infelizmente.