segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Uma tempestade como há muito não se via

Nos últimos dias a costa leste dos Estados Unidos esteve sob uma grande tempestade de neve como há muito não se via, com ventos quase ciclónicos e nevoeiros intensos que paralisaram as principais cidades, como Nova Iorque, Washington, Filadélfia e Baltimore. Mais de uma dezena de estados declararam o estado de emergência e, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional, tratou-se da segunda maior tempestade de neve desde que há registo, isto é, desde 1869. Em muitas regiões, as autoridades apelaram à população para que não saisse de casa, proibiram o trânsito de veículos e fecharam pontes e túneis, enquantos os aeroportos foram encerrados. Apesar dessas precauções, milhões de cidadãos foram afectados nas suas vidas e permaneceram nas suas casas durante dois dias, em algumas regiões sem electricidade. No sentido de rapidamente ser desbloqueada a situação e ultrapassar aquela emergência, os serviços de protecção civil e os carros limpa neves trabalharam em todas as cidades, partilhando os trabalhos de limpeza das ruas e das estradas com os moradores, para que a normalidade da vida pudesse ser rapidamente recuperada. Naturalmente, a notícia dominante da imprensa americana foi a tempestade de neve e os jornais tiveram uma singular oportunidade para ilustrar as suas edições com imagens das ruas e dos automóveis soterrados, embora o New York Post tivesse preferido usar a imagem de uma voluntária que, indiferente ao frio, deu uma ajuda na remoção da neve nas ruas de Nova Iorque, onde atingiu 68 centímetros de altura. Na América é assim: qualquer pretexto serve para que as pessoas apareçam e se promovam, neste caso através de um trajo muito insólito para aquelas temperaturas.

MRS é o novo Presidente da República

As eleições presidenciais ontem realizadas deram a vitória ao candidato Marcelo Rebelo de Sousa com 52% dos votos e, por isso, ele tomará posse como Presidente da República Portuguesa no próximo dia 9 de Março. Não votei nele mas, tal como disse Sampaio da Nóvoa, “a partir de hoje, Marcelo é o meu Presidente”.
Marcelo teve 2.403.874 votos e não precisou de campanha, nem de comícios, nem de cartazes. As suas características pessoais eram bem conhecidas dos portugueses, porque durante muitos anos apareceu semanalmente na televisão e, esse facto, foi determinante para adquirir uma expressiva notoriedade que tanto contribuiu para esta vitória. Marcelo é, sobretudo, um produto da televisão, a tal “caixa que mudou o mundo” e que, como alguém disse, tanto vende sabonetes como Presidentes da República. Durante muitos anos, o comentador Marcelo falou de tudo e disse tudo, mas também o seu contrário. Foi um fala-barato, um catavento e um entertainer. O povo gostou da sua imagem televisiva, mas muitos dirigentes da sua área política não o queriam, porque nunca gostaram da sua irreverência, nem da sua insubmissão. A essa gente, Marcelo deu uma grande lição.
Porém, Marcelo na Presidência da República é uma incógnita, embora vá levar consigo o cosmopolitismo, os valores culturais e a sensibilidade social que estiveram ausentes de Belém nos últimos dez anos. Esse facto é muito animador. A sua inteligência, a sua experiência e a sua perspicácia vão ser essenciais para moderar e pacificar a sociedade portuguesa, os partidos políticos e a sociedade civil. Por isso ele falou da unidade nacional e da coesão social, em vez de ameaçar com os mercados e de vomitar banalidades macroeconómicas como sempre fez o seu antecessor. Como disse e bem no seu discurso de ontem, “o povo é quem mais ordena” e essa citação de José Afonso ficou-lhe bem. Que tenha um bom mandato e que possa unir os portugueses!