As eleições
presidenciais ontem realizadas deram a vitória ao candidato Marcelo Rebelo
de Sousa com 52% dos votos e, por isso, ele tomará posse como Presidente da
República Portuguesa no próximo dia 9 de Março. Não votei nele mas, tal como
disse Sampaio da Nóvoa, “a partir de hoje, Marcelo é o meu Presidente”.
Marcelo teve
2.403.874 votos e não precisou de campanha, nem de comícios, nem de cartazes. As
suas características pessoais eram bem conhecidas dos portugueses, porque
durante muitos anos apareceu semanalmente na televisão e, esse facto, foi
determinante para adquirir uma expressiva notoriedade que tanto contribuiu para
esta vitória. Marcelo é, sobretudo, um produto da televisão, a tal “caixa que
mudou o mundo” e que, como alguém disse, tanto vende sabonetes como Presidentes
da República. Durante muitos anos, o comentador Marcelo falou de tudo e disse
tudo, mas também o seu contrário. Foi um fala-barato, um catavento e um entertainer. O povo gostou da sua imagem
televisiva, mas muitos dirigentes da sua área política não o queriam, porque nunca
gostaram da sua irreverência, nem da sua insubmissão. A essa gente, Marcelo deu
uma grande lição.
Porém, Marcelo na
Presidência da República é uma incógnita, embora vá levar consigo o cosmopolitismo,
os valores culturais e a sensibilidade social que estiveram ausentes de Belém
nos últimos dez anos. Esse facto é muito animador. A sua inteligência, a sua
experiência e a sua perspicácia vão ser essenciais para moderar e pacificar a
sociedade portuguesa, os partidos políticos e a sociedade civil. Por isso ele
falou da unidade nacional e da coesão social, em vez de ameaçar com os mercados
e de vomitar banalidades macroeconómicas como sempre fez o seu antecessor. Como
disse e bem no seu discurso de ontem, “o povo é quem mais ordena” e essa
citação de José Afonso ficou-lhe bem. Que tenha um bom mandato e que possa unir
os portugueses!
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