No ano passado
foram criados os vistos gold, um regime que
permite aos cidadãos de países que não pertençam à União Europeia, ou não
integrem o Acordo de Schengen, obter uma autorização de residência em Portugal
para desenvolverem actividades de investimento. Essas actividades devem decorrer por um
período mínimo de cinco anos, prevendo-se opções como a transferência de capital
num montante igual ou superior a um milhão de euros, a criação de pelo menos
dez postos de trabalho ou a compra de imóveis num valor mínimo de 500 mil
euros.
O irrevogável
ministro Portas foi o grande impulsionador desses vistos. No ano passado, segundo
foi divulgado “foram concedidos 471 vistos
gold que se traduziram num volume de investimento de 306,7 milhões de euros
no país”, de que beneficiaram sobretudo cidadãos da China, Rússia, Angola e
Brasil. Ora a compra de imóveis de luxo dificilmente pode ser classificada como
investimento e, provavelmente, não foi criado nenhum posto de trabalho, o que
significa que a ideia original de atrair investimento e criar emprego foi
adulterada e se transformou num simples negócio imobiliário. Não é mau, mas não
é investimento! Para o corrente ano, o irrevogável ministro Portas espera que “sejam
atingidos 500 milhões de euros de investimento”, mas provavelmente o que vai
acontecer, mais uma vez, não serão acções de investimento para criar riqueza, nem a criação de
postos de trabalho. Assim, a opção governamental de vender vistos a quem aparecer,
independentemente da origem e da cor do seu dinheiro, é muito discutível e nem
se percebe porque traz tanta gente eufórica e leva o irrevogável ministro a
exibir aquela sua caracterítica cara de auto-satisfação. É certo que este
negócio chegou a muitos outros países europeus que têm dificuldades financeiras
como as nossas e que até está a gerar concorrência entre Estados-membros mas,
ao menos, esses não chamam investimento ao que por cá se tem revelado apenas como
um negócio imobiliário. Porém, o irrevogável chama-lhe investimento apenas por ambição e porque no futuro lhe interessa estar ligado a essa palavra para a cobrar ao eleitorado.