terça-feira, 25 de outubro de 2022

Que estabilidade no governo de Itália?

O jornal diário berlinense Die Tageszeitung, conhecido como taz, destaca na sua edição de ontem a situação política na Itália, ilustrando-a com uma imagem da Torre inclinada de Pisa, a famosa construção iniciada em 1173 sobre um subsolo instável que, logo à nascença, sofreu uma inclinação de cerca de cinco graus que persistiu até à actualidade.
Essa imagem remete os leitores para a situação de menor estabilidade do governo italiano chefiado por Giorgia Meloni, que tomou posse no sábado. Meloni tem 45 anos de idade e foi, desde a sua juventude, uma fervorosa apoiante do Movimento Social Italiano, um partido neofascista inspirado no legado do ditador Benito Mussolini e no seu lema “Deus, Pátria e Família”.
Em 2012, Giorgia Meloni foi uma das fundadoras do Fratelli d’Italia, um novo partido da extrema-direita italiana e, em 2022, venceu as eleições de 25 de Setembro (26%), em coligação com a Lega Nord de Matteo Salvini (9%) e a Forza Italia de Silvio Berlusconi (8%). A Europa não conhecia uma situação destas desde 1945 e está alarmada. As declarações de Meloni e dos seus ministros têm sido muito prudentes para não assustarem os seus parceiros europeus, nem a Europa de onde chegam os fundos comunitários, nem os mercados financeiros que controlam a elevada dívida italiana e os respectivos juros. A palavra de ordem parece ser estabilidade e, num forte sinal dessa estabilidade, foi escolhido Antonio Tajani para ministro dos Negócios Estrangeiros, um homem que antes presidiu ao Parlamento Europeu.  A dúvida está em saber como vai este governo italiano conciliar interesses tão diversos e até opostos, incluindo eurocépticos, separatistas, amigos de Putin, neofascistas, nacionalistas e outros.
A imagem da Torre de Pisa remete-nos para a instabilidade, mas o facto é que aquela torre resiste inclinada há vários séculos.