O jornal diário berlinense Die Tageszeitung,
conhecido como taz,
destaca na sua edição de ontem a situação política na Itália, ilustrando-a com
uma imagem da Torre inclinada de Pisa, a famosa construção iniciada em 1173
sobre um subsolo instável que, logo à nascença, sofreu uma inclinação de cerca
de cinco graus que persistiu até à actualidade.
Essa
imagem remete os leitores para a situação de menor estabilidade do governo
italiano chefiado por Giorgia Meloni, que tomou posse no sábado. Meloni
tem 45 anos de idade e foi, desde a sua juventude, uma fervorosa apoiante do
Movimento Social Italiano, um partido neofascista inspirado no legado do
ditador Benito Mussolini e no seu lema “Deus, Pátria e Família”.
Em
2012, Giorgia Meloni foi uma das fundadoras do Fratelli d’Italia, um novo partido da extrema-direita italiana e, em
2022, venceu as eleições de 25 de Setembro (26%), em coligação com a Lega Nord de Matteo Salvini (9%) e a Forza Italia de Silvio Berlusconi
(8%). A
Europa não conhecia uma situação destas desde 1945 e está alarmada. As
declarações de Meloni e dos seus ministros têm sido muito prudentes para não
assustarem os seus parceiros europeus, nem a Europa de onde chegam os fundos
comunitários, nem os mercados financeiros que controlam a elevada dívida
italiana e os respectivos juros. A palavra de ordem parece ser estabilidade e,
num forte sinal dessa estabilidade, foi escolhido Antonio Tajani para ministro
dos Negócios Estrangeiros, um homem que antes presidiu ao Parlamento Europeu. A
dúvida está em saber como vai este governo italiano conciliar interesses tão
diversos e até opostos, incluindo eurocépticos, separatistas, amigos de Putin, neofascistas, nacionalistas e outros.
A imagem da Torre de Pisa remete-nos para a
instabilidade, mas o facto é que aquela torre resiste inclinada há vários séculos.
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