No passado dia 20 de Outubro a primeira-ministra
britânica Liz Truss demitiu-se, cerca de 45 dias depois de ter tomado posse,
reconhecendo não poder cumprir o mandato para que tinha sido eleita pelo
Partido Conservador. Cinco dias depois, porque temia a realização de eleições
antecipadas, o mesmo partido escolheu Rishi Sunak, o ex-ministro das Finanças
do governo de Boris Johnson, para ocupar o mesmo cargo, tendo sido largamente
distribuída uma fotografia em que o novo rei Carlos III o recebia no Palácio de
Buckingham para cumprir a tradição e formalizar-lhe o convite para constituir
governo. A escolha de Rishi Sunak é uma novidade da política
britânica por causa da sua idade, do seu inexpressivo passado político e da sua
origem asiática. Não lhe faltam adversários políticos, não só no Partido Trabalhista,
mas também no seu próprio partido, o que o levou a dizer aos seus
correligionários a frase “unite or die”, que mostra como os Conservadores estão
divididos. Por tudo isso e mais a situação económica britânica, as expectativas
não são muito altas e há muita gente a pedir eleições, mas o rei cumpriu o seu
dever, sem se saber qual o conteúdo da conversa havida entre Carlos III e Rishi
Sunak. O popular tablóide Daily Mail publica uma fotografia do
encontro e escolheu como título “Leave it to me, Your Majesty!”, parecendo
revelar as grandes preocupações do novo Rei quanto ao futuro do governo Sunak,
que até podem ser o prenúncio de outras preocupações bem maiores.
Entretanto, setenta e cinco anos depois da independência da Índia, do fundo dos seus túmulos, tanto o Mahatma Gandhi como Jawaharlal Nehru devem ter sorrido.
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