Expresso, 21 de Outubro de 2022 |
O cartoonista António,
nome artístico de António Moreira Antunes é reconhecido como um talentoso caricaturista político português, cujo nome artístico é apenas António
e que tem uma extensa obra publicada regularmente na nossa imprensa. Porém, em 2012
foi convidado para desenhar as caricaturas de mais de cinquenta personalidades
da vida portuguesa destinadas à decoração da estação do Metropolitano de Lisboa
no Aeroporto e esse trabalho é, porventura, a sua obra mais apreciada.
Na última edição
do semanário Expresso foi publicado um cartoon
com a sua assinatura e que se intitula “O incontinente”. Nesse cartoon, o presidente Marcelo Rebelo de
Sousa vomita letras e palavras, mostrando-se um incontinente que tudo comenta e
a qualquer hora, tanto em Portugal como no estrangeiro. Comenta a política e o
futebol, a meteorologia e os festivais, a economia e os casos judiciais, os
acidentes e a política internacional. Tanta opinião cansa. Fala do que não
devia. Viaja demais e nunca se esquece de levar consigo microfones e cornetas. Com
tantas aparições, quase sempre diz vulgaridades ou banalidades, como “ninguém
está acima da lei”, ou comenta taxas de juro, estratégia militar, incêndios
florestais e orçamento do Estado, quando este ainda está em discussão no lugar próprio que é o Parlamento. É um exagero. É um protagonismo desproporcionado e até ilegítimo. Os seus serviços anunciam os locais e as horas onde Sua Excelência aparece
e, ao ver microfones ou câmaras, não resiste. Se vê telemóveis aproveita para
se expor ou para tirar as suas próprias selfies.
Antigamente, era comentador num só canal televisivo, mas agora comenta em todos
os canais, jornais e redes sociais. É um caso extremo de incontinência
comunicacional como escreveu Eduardo Cintra Torres, ou como caricaturou António.
Sem dúvida.
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