quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Os falsos amigos que traem o Curdistão

A recente declaração de Donald Trump sobre a retirada das tropas americanas da Síria, veio recolocar o problema curdo no primeiro plano da problemática do Médio Oriente.
Os curdos constituem uma nação com cerca de 30 milhões de habitantes que ocupa uma área aproximada de 500 mil km2, distribuída pelo território da Turquia, Síria, Iraque e Irão, mas por circunstâncias históricas diversas nunca possuiram um Estado independente, reconhecido pela comunidade internacional. Dito de outra maneira, o Curdistão é um imenso território ocupado pela Turquia, pela Síria, pelo Iraque e pelo Irão e todas as tentativas que fizeram para unir os vários curdistões foram reprimidas por Sadam Hussein, por Bashar al-Assad, por Recep Tayyip Erdoğan ou pelos ayatollah iranianos.
Na complexa questão que é a guerra na Síria, através das suas Unidades de Protecção Popular ou YPG, os curdos sírios assumiram-se como os principais adversários do Daesh, beneficiando de apoios externos, nomeadamente dos Estados Unidos e da França, mas tiveram sempre a hostilidade da Turquia.
Recentemente, entre o apoio aos curdos e as boas graças do aliado turco, os Estados Unidos escolheram a Turquia. Agora são os franceses que, pressionados pelos turcos, hesitam entre a continuação do apoio a um parceiro que tão bons serviços prestou no terreno contra o Daesh ou o alinhamento com os turcos, cuja intenção não declarada é calar as aspirações independentistas curdas no seu próprio território.
O jornal católico francês La Croix analisa hoje o dilema com que está confrontada a França em relação aos curdos e à Turquia. Se Macron disse de Trump que "um aliado deve ser confiável", que dirá o mundo se o Emmanuel seguir as pisadas do Donald e abandonar os curdos?