A recente
declaração de Donald Trump sobre a retirada das tropas americanas da Síria,
veio recolocar o problema curdo no primeiro plano da problemática do Médio
Oriente.
Os curdos
constituem uma nação com cerca de 30 milhões de habitantes que ocupa uma área
aproximada de 500 mil km2, distribuída pelo território da
Turquia, Síria, Iraque e Irão, mas por circunstâncias históricas diversas nunca
possuiram um Estado independente, reconhecido pela comunidade internacional. Dito
de outra maneira, o Curdistão é um imenso território ocupado pela Turquia, pela
Síria, pelo Iraque e pelo Irão e todas as tentativas que fizeram para unir os
vários curdistões foram reprimidas por Sadam Hussein, por Bashar al-Assad, por
Recep Tayyip Erdoğan ou pelos ayatollah iranianos.
Na complexa
questão que é a guerra na Síria, através das suas Unidades de Protecção Popular
ou YPG, os curdos sírios assumiram-se como os principais adversários do Daesh,
beneficiando de apoios externos, nomeadamente dos Estados Unidos e da França, mas
tiveram sempre a hostilidade da Turquia.
Recentemente, entre
o apoio aos curdos e as boas graças do aliado turco, os Estados Unidos
escolheram a Turquia. Agora são os franceses que, pressionados pelos turcos,
hesitam entre a continuação do apoio a um parceiro que tão bons serviços
prestou no terreno contra o Daesh ou o alinhamento com os turcos, cuja intenção
não declarada é calar as aspirações independentistas curdas no seu próprio
território.
O jornal católico francês
La
Croix analisa hoje o dilema com que está confrontada a França em
relação aos curdos e à Turquia. Se Macron disse de Trump que "um aliado deve ser confiável", que dirá o mundo se o Emmanuel seguir as pisadas do Donald e abandonar os curdos?