terça-feira, 29 de agosto de 2017

A Catalunha desliga ou não da Espanha?

Os trágicos acontecimentos ocorridos no passado dia 17 de Agosto em Barcelona e as manifestações de unidade contra o terrorismo que se seguiram, parece que não tiveram qualquer efeito sobre os separatistas catalães que já retomaram o seu discurso independentista.
Ontem, os dois principais movimentos separatistas – a coligação Junts per Sí e a CUP ou Candidatura de Unidade Popular – registaram no Parlamento da Catalunha uma proposta de lei intitulada Ley de Transitoriedad Jurídica y Fundacional de la República, que é uma lei de ruptura com a Constituição espanhola e que os separatistas querem aprovar antes do referendo que marcaram e esperam seja realizado no próximo dia 1 de Outubro, mas que é considerado ilegal pelas autoridades judiciais.
A proposta de lei inclui 89 artigos e está pensada para entrar em vigor se o sim vencer o referendo, nem que seja por um voto de diferença. Segundo o texto, o governo catalão passará a controlar o poder judicial e tomará as propriedades do Estado espanhol, mas não define como seria paga a parte catalã da dívida do Reino de Espanha. Como novidade, o texto indica o catalão, o castelhano e o aragonês como línguas oficiais da nova república e introduz o conceito de dupla nacionalidade catalã e espanhola.
Este documento visa a mobilização do eleitorado e a sua sensibilização para a credibilidade da proposta independentista, embora a oposição a acuse de barbaridade jurídica e golpe de estado.
De qualquer forma, se esta lei vier a entrar em vigor terá apenas um ano de validade, pois será o tempo necessário para a redacção de uma Constituição da república catalã, que seria depois ratificada em referendo.  
Hoje o diário ABC ilustra a situação por que passa a população catalã com uma tomada eléctrica com as cores da Espanha e uma ficha com as cores da Catalunha. Liga-se ou desliga-se? Os eleitores vão decidir se houver referendo, mas do que não há dúvidas é que os catalães têm um complexo processo pela frente.