quinta-feira, 10 de julho de 2025

Trump ameaça o Brasil, mas Lula é firme

O presidente Donald Trump tem-se multiplicado em atitudes violadoras das normas de convívio internacional, por vezes com grosseria e sempre com arrogância, parecendo desafiar as soberanias de alguns países. Ameaçou o Canadá e a Dinamarca, deu luz verde a Netanyahu para destruir Gaza e criar uma Riviera de Médio Oriente, atacou o Irão sem ter quaisquer provas de que este país tinha ou preparava bombas nucleares e está agora a desafiar o Brasil ao impor taxas aduaneiras de 50% aos produtos brasileiros.
Esta medida surgiu como reacção punitiva aos países que integram o bloco das economias emergentes, designados como BRICS – dez estados-membros e dez parceiros-candidatos – entre os quais a China, a Índia, a Rússia e o Brasil, que representam 46% da população mundial e que realizaram recentemente a sua cimeira no Rio de Janeiro.
Donald Trump não gostou que os BRICS condenassem o ataque ao Irão e pedissem que Israel abandonasse Gaza, mas também veio declarar que era “terrível” a forma como está a ser tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado pela Justiça brasileira por tentativa de golpe de estado, acusando o Brasil de estar a fazer “caça às bruxas”.
Naturalmente, o presidente Lula da Silva devolveu a carta de protesto que recebera do Donald e, num comunicado oficial publicado no jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que “a defesa da democracia no Brasil compete aos brasileiros”, “que ninguém está acima da lei” e que “somos um país soberano e não aceitamos a interferência ou tutela de quem quer que seja”.
Que pena não haver dirigentes na Europa com a firmeza de Lula da Silva.

Texas: meteorologia, geografia e tragédia

No passado fim-de-semana, a área central do estado americano do Texas e em especial o condado de Kerr, foi atingida por chuvas torrenciais que provocaram grandes enxurradas e inundações que, de acordo com a edição de ontem do jornal The Dallas Morning News já causaram 109 mortes, havendo ainda 160 pessoas desaparecidas.
A tragédia teve enorme repercussão pelo elevado número de perda de vidas e de bens materiais, incluindo casas e automóveis arrastados pelas águas, mas também por ocorrer no Verão, a época menos provável para que acontecesse. O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que “ninguém esperava uma parede de água de quase nove metros de altura”, referindo-se ao que aconteceu no rio Guadalupe que, em 45 minutos, subiu oito metros e transbordou.
A área por onde passa o rio Guadalupe tem uma geografia propensa a chuvas torrenciais e é conhecida como Flash Flood Alley (o beco das enchentes relâmpago), resultantes de fenómenos meteorológicos locais – o ar quente do golfo do México (que Trump quer que se chame golfo da América) encontra uma fileira de penhascos e colinas íngremes nesta região e condensa-se, podendo dar origem a chuvas intensas, que enchem rapidamente os rios, porque os terrenos naquela região não absorvem a água das chuvas. O fenómeno é conhecido e acontece por vezes, mas desta vez não foi previsto ou foi anunciado tardiamente, porque o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) “tinha perdido quase 600 dos seus cerca de 4 mil funcionários”, conforme a administração Trump decidiu em relação ao NWS e outras agências que foram “ forçadas a reduzir a sua força de trabalho”.
No Texas, como em muitas outras regiões do planeta, as medidas economicistas apressadas podem conduzir a grandes tragédias.