quinta-feira, 10 de julho de 2025

Texas: meteorologia, geografia e tragédia

No passado fim-de-semana, a área central do estado americano do Texas e em especial o condado de Kerr, foi atingida por chuvas torrenciais que provocaram grandes enxurradas e inundações que, de acordo com a edição de ontem do jornal The Dallas Morning News já causaram 109 mortes, havendo ainda 160 pessoas desaparecidas.
A tragédia teve enorme repercussão pelo elevado número de perda de vidas e de bens materiais, incluindo casas e automóveis arrastados pelas águas, mas também por ocorrer no Verão, a época menos provável para que acontecesse. O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que “ninguém esperava uma parede de água de quase nove metros de altura”, referindo-se ao que aconteceu no rio Guadalupe que, em 45 minutos, subiu oito metros e transbordou.
A área por onde passa o rio Guadalupe tem uma geografia propensa a chuvas torrenciais e é conhecida como Flash Flood Alley (o beco das enchentes relâmpago), resultantes de fenómenos meteorológicos locais – o ar quente do golfo do México (que Trump quer que se chame golfo da América) encontra uma fileira de penhascos e colinas íngremes nesta região e condensa-se, podendo dar origem a chuvas intensas, que enchem rapidamente os rios, porque os terrenos naquela região não absorvem a água das chuvas. O fenómeno é conhecido e acontece por vezes, mas desta vez não foi previsto ou foi anunciado tardiamente, porque o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) “tinha perdido quase 600 dos seus cerca de 4 mil funcionários”, conforme a administração Trump decidiu em relação ao NWS e outras agências que foram “ forçadas a reduzir a sua força de trabalho”.
No Texas, como em muitas outras regiões do planeta, as medidas economicistas apressadas podem conduzir a grandes tragédias.

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