quarta-feira, 23 de outubro de 2024

A voz dos povos do “outro lado do mundo”

Está a decorrer na cidade russa de Kazan a 16ª Cimeira Anual dos BRICS, na qual participam os países do núcleo inicial – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – assim como os novos membros – Arábia Saudita, Egipto, Etiópia, Irão e Emirados Árabes Unidos, mas também outros países candidatos, ou convidados a assistir à Cimeira. Estão em Kazan mais de 20 chefes de Estado e de Governo dos chamados países emergentes, representando cerca de 45% da população mundial e cerca de 35% da economia global.
O anfitrião é Vladimir Putin, que receberá Xi Jinping, Narendra Modi e Cyril Ramaphosa, já que Lula da Silva estará ausente por razões de saúde. Todo o comentariado assinala que o potencial económico dos BRICS já ultrapassa o G7 e que a sua influência geopolítica é cada vez maior, referindo também que esta Cimeira está a servir para Putin mostrar que a Rússia não está isolada e que tem amigos, ao contrário do que afirma repetidamente a propaganda ocidental.
Os BRICS e as suas Cimeiras estão a tornar-se um desafio às políticas dos países ocidentais, marcadas por muita arrogância de que “o outro lado do mundo não gosta nem aceita”, porque lhes recorda os tempos de humilhação colonial. A decisão geopolítica ocidental de levar a NATO a entrar profundamente em território russo e para além da longitude de Moscovo, tal como os apoios expressos ou implícitos à crueldade israelita contra os seus vizinhos, são sinais de que “o outro lado do mundo não gosta nem aceita”. Por isso, a Cimeira dos BRICS também é um aviso para alguns líderes ocidentais que, manifestamente, parecem não conhecer a mentalidade dos povos do outro lado do mundo.