As eleições
legislativas que ontem se realizaram em Espanha deixaram os espanhóis muito
nervosos e preocupados. Na verdade, depois do impasse ou do bloqueio político
resultante das eleições do passado dia 28 de Abril, o acto eleitoral de ontem
visava ultrapassar essa situação através do aparecimento de maiorias ou
coligações, mas a Espanha surgiu ainda mais dividida e com os discursos dos
líderes políticos mais radicalizado. É certo que os socialistas do PSOE voltaram
a ganhar, agora com 28% dos votos mas sem maioria absoluta, tendo visto reduzir-se
a sua margem negocial para eventuais alianças à esquerda num quadro parlamentar
muito complexo. O PP aumentou a sua votação e tornou-se a alternativa ao PSOE,
enquanto o Vox se tornou a terceira força política espanhola devido ao seu firme
discurso pela unidade nacional que conquistou o eleitorado, enquanto o
Ciudadanos sofreu uma brutal derrota o que levou à imediata demissão do seu líder.
No parlamento espanhol estão agora representados 16 partidos ou movimentos políticos,
incluindo os partidos independentistas da Catalunha com 23 deputados e alguns pequenos
partidos nacionalistas do País Basco, da Galiza, da Cantábria e de Aragão.
O futuro político
da Espanha está, portanto, muito sombrio. Ao ouvirem-se os líderes partidários e
os comentadores políticos não se vislumbra saída para esta situação, pois o
radicalismo parece ter tomado conta de todos eles, ao mesmo tempo que continua
alguma violência nas ruas da Catalunha que, de facto, é o ponto-chave do futuro
político da Espanha.
Aqui ao lado, também
se vive com preocupação pelas consequências económicas e outras que a crise
espanhola nos pode trazer, mas é caso para nos congratularmos pela paz social
que se tem vivido e pelo diálogo que vai havendo, esperando-se que não haja qualquer
tipo de contágio espanhol.